sexta-feira, 16 de abril de 2010

Morre Carlos Alberto Moura Pereira da Silva filho do saudoso Severino Pereira

Sorocaba perdeu ontem um importante personagem de sua história. Morreu o industrial Carlos Alberto Moura Pereira da Silva, dono da extinta Companhia Nacional de Estamparia, a Cianê, que no auge chegou a ter 11 mil funcionários em Sorocaba. Filho de Severino Pereira da Silva e de dona Francisquinha, Francisca Assunção de Moura Carlos Alberto, estava com 83 anos e foi vítima de problemas pulmonares. O sepultamento foi na tarde de ontem no cemitério Pax.
A missa de corpo presente foi na igreja Santa Rosália, bairro que nasceu por conta das atividades da fábrica de tecidos da Cianê que deu nome ao local. Além de amigos e parentes, a celebração foi acompanhada por muitos antigos funcionários da Cianê. O carinho do povo sorocabano ficou registrado nas 28 coroas de flores que ocupavam toda a igreja.
Entre os presentes a palavra “humano” era a mais usada na definição do sr. Carlos. Pai de quatro filhos que hoje têm entre 40 e 56 anos, o industrial comandou a Cianê por muitos anos. Na década de 90, quando foi iniciada a decadência do complexo fabril que chegou a ter quatro fábricas na cidade e outras 10 espalhadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, a empresa era a maior empregadora da cidade e garantia trabalho para cerca de 11 mil funcionários.
O império fabril da Cianê começou em 1939 com o pai de Carlos, Severino Pereira da Silva. A Cianê até então estava sob controle de bancos e foi oferecida a Severino que então trabalhava na sua primeira indústria de tecidos, a Cia. Nacional Sapopemba, no Rio de Janeiro. A história de Carlos com os tecidos foi iniciada em 1948, quando começou a trabalhar com o pai na diretoria da Cianê.
“Meu pai era um cara muito correto”
“Meu pai era um cara muito correto”. A frase é do filho mais velho de Carlos. Com o mesmo nome do avô paterno (Severino), o primogênito - irmão de Sérgio, Sílvia e Sônia - é conhecido como Ica e hoje está com 56 anos. “Ele foi um pai maravilhoso, um ótimo esposo. Hoje a igreja está cheia e ouvi muitas histórias sobre ele. Tem muitas pessoas aqui que trabalharam na Cianê”, comentou.
A importância com o ser humano foi um valor marcante na história do industrial. Ica lembra que o bairro de Santa Rosália contava com mais de mil casas operárias. Além disto um hospital, o São Severino, foi construído pela empresa para atender funcionários e seus familiares. A educação também foi uma preocupação de Carlos Alberto e o terreno onde hoje funciona o Senai da cidade foi doado pela Cianê. O hospital também existe até hoje mas a administração hoje é pública e o local abriga a Policlínica de Sorocaba.
Até a igreja em que foi velado foi construída pela Cianê, lembra Ica. “O terreno do CIC (Estádio Municipal) e do Saae também foram doação nossa. Meu pai e meu avô fizeram o que puderam pela cidade”, destacou o filho primogênito. Tanta dedicação cativou muitas famílias e ex-funcionários emocionados fizeram a última homenagem para o industrial.
Entre os presentes o professor aposentado Atílio Bertoldi Sbrana, 77, emociona-se ao explicar sua gratidão pelo “sr. Carlos”. “Meu pai trabalhou muitos anos para a Cianê e morreu no hospital São Severino. Quando o sr. Carlos ficou sabendo que meu pai estava internado ele avisou o gerente do hospital que não era para cobrar nada. Meu pai morreu e a estamparia fez o enterro”.
As histórias do sr. Atílio são muitas. Em todas ele destaca: “o sr. Carlos foi muito bom para minha família”. As lágrimas, no entanto, invadem insistentemente seus olhos azuis quando o aposentado lembra do pai ajudado diretamente por Carlos Alberto. “Sempre seremos muito gratos. Não gastamos um tostão com os últimos dias do meu pai nem com o enterro”. Após longa pausa Atílio lembra que também trabalhou na Cianê. Lá ficou por dez anos ajudando em serviços administrativos. “Só saí para lecionar. Eu era professor primário. Fiquei lá de 1945 até 1956. Eu não tinha nem 14 anos quando eles me deram uma oportunidade”, explicou.

Produtos da China impõem a decadência da Cianê em 1990
Na cidade de Sorocaba a Cianê chegou a ter quatro unidades fabris. Além da fábrica da Santa Rosália, que deu nome ao bairro, a atividades da indústrias têxtil também funcionavam na fábrica Santo Antônio (ao lado do terminal de ônibus que leva o mesmo nome); na São Paulo e Nossa Senhora do Carmo. A decadência do império começou na década de 90 com a entrada de produtos chineses no país.
O filho mais velho de Carlos Alberto Moura Pereira da Silva, Severino Moura Pereira da Silva Neto, lembra que na década de 90 a fábrica empregava cerca de 11 mil funcionários e, ao todo, eram 14 fábricas. Atualmente, o império têxtil foi reduzido a uma única estamparia que ainda funciona nas proximidades da avenida São Paulo e emprega 370 funcionários.
Este conglomerado fabril começou a ser construído em 1903, quando o industrial inglês John Kenworthy comprou a fábrica Santa Maria e, cinco anos mais tarde, construiu a fábrica São Paulo, que está em atividade até os dias de hoje. O grupo cresceu e acrescentou também a fábrica Santo Antônio. Em 1939 Severino Pereira da Silva, pernambucano, compra todas as unidades, a chamada Santa Maria. A partir da compra da empresa por Severino, a fábrica ganha vários equipamentos novos como creche, escola maternal, posto de abastecimento, hospital e um clube social e esportivo. Recebe mais tarde um cine-teatro.
Na época a estamparia era, talvez, a maior proprietária de casas da cidade. Silva Neto, também conhecido como Ica, afirma que a fábrica chegou a ter cerca de mil imóveis na cidade. Esses eram destinados à residência dos funcionários do conglomerado.
Tecidos chineses
Ica lembra que os negócios da família não resistiram à entrada de tecidos chineses no mercado nacional. A importação começou na década de 90 a preços muito mais competitivos. Ele afirma que enquanto o metro do tecido nacional custava, aproximadamente, US$ 3, o chinês chegava por 80 centavos de dólar. “Foi muito duro. Tivemos que fechar três unidades. Com este negócio da importação outras fábricas do setor também sofreram”, lamenta. Atualmente, a única fábrica em funcionamento da Cianê em Sorocaba é uma estamparia. Não há mais produção própria de tecido
Fonte : Cruzeiro do Sul Sorocaba

Conheça um pouco da história de Severino Pereira da Silva (pai de Carlos Alberto) , o Taquaritinguense que mais se destacou mundo afora 
 O empresário pernambucano de taquaritinga do Norte  Severino Pereira da Silva, compra ao final de 1935, a Fábrica de Tecidos Aliança, instalada nas Laranjeiras, o Rio de Janeiro com o intuíto de promover a sua dissolução para aproveitar
as suas máquinas na constituição de outras tecelagens de menor porte. Usava o industrial um expediente audacioso, tendo em vista um decreto Lei de 1931 que restringia a importação de maquinaria para todas as indústrias consideradas de superprodução. O Brasil experimentava a crise mundial oriunda do crack da Bolsa de Nova Iorque em 1929, momento gerador de profunda recessão, com grandes estoques de tecidos de algodão acumulados, sem encontrar compradores.
O empresário pernambucano Severino Pereira da Silva, compra ao final de 1935, a Fábrica de Tecidos Aliança, instalada nas Laranjeiras, o Rio de Janeiro com o intuíto de promover a sua dissolução para aproveitar Deste ato nasceu a Companhia Industrial Cataguases®, a Fiação Santa Terezinha em Juiz de Fora e a Companhia Industrial de Estamparia - CIANE, em Paraguaçu, sul de Minas Gerais.
Severino fez muitas ações por sua cidade Taquaritinga do Norte, contruiu um hospital , um cine teatro, uma fábrica da ciane etc, eram constantes suas visitas a sua cidade natal 2 a 3 vezes ao ano ate 1979 , apartir de 1980 Pereira visitava anualmente principalmente em janeiro quando se realiza na pequena cidade (hoje tem 23 mil habitantes) a festa de Santo Amaro, Pereira foi a sua cidade pela ultima vez em janeiro de 1986 e veio a falecer em maio do mesmo ano , dos seus filhos Carlos Alberto era o que mais visitava a pequena cidade .

10 comentários:

  1. Parabens,Sr.Carlos Alberto um orgulho para nossa Sorocaba..........

    ResponderExcluir
  2. Emoção e tristeza ao saber da morte de Carlos Alberto. Acolhido em suas empresas, como muitos, na Cia de Cimento Portland Paraíso - Unidade de Barroso, apredemos a admirá-lo pela sua política paternalista e social para com os empregados. Sou testemunha viva do seu empenho, de seu pai e de suas irmãs no trato fraterno das causas socias em várias cidade do Brasil. Foi com certeza, um grande brasileiro!
    Idinando Borges - Barbacena

    ResponderExcluir
  3. MEUS SENTIMENTOS ,POIS ERAMOS PARENTES ,ELE ERA PRIO LEGITIMO DE MINHA MAE,CREUSA MARIA PEREIRA DA SILVA FILHA DE MANOEL PERIRA DA SILVA IRMAO DE SR SEVERINO ,E TRISTE PERDER PESSOAS QUE FIZERAM PARTE DA HISTRIA DO PAIS!!

    ResponderExcluir
  4. DEUS SABERÁ RECOMPENSAR AQUELES QUE MUITO FIZERAM PELA CLASSE TRABALHADORA, EM ESPECIAL AO SR. SEVERINO PEREIRA, SR. CARLOS ALBERTO E SEUS FAMILIARES.
    FOI COM MUITO PEZAR QUE RECEBÍ A NOTICIA DE SEU FALECIMENTO.
    MINHA FAMILIA É MUITO GRATA POR PODER TER PARTICIPADO COM ELES NA CIA DE CIMENTO BARROSO.

    Lacordaire Marcelino de Resende
    Engenheiro Mecânico.
    Barroso/Barbacena-MG

    ResponderExcluir
  5. (Familia de Manuel Pereira Da Silva) Carlos Alberto foi um pai para a minha familia,nos trouxe de pernambuco por volta de 1964 para sorocaba , minha mae e dez filhos porque meu pai ja trabalhava na casa dele fomos muito felizes e somos ate hoje graças a ele

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sou testemunha
      Nosso avô NECO PEREIRA É PAI DA MINHA MÃE CECE'

      Excluir
    2. Sou testemunha
      Nosso avô NECO PEREIRA É PAI DA MINHA MÃE CECE'

      Excluir
  6. Belíssima história de vida...Meu pai (já falecido), era afilhado de batismo do Sr Severino e foi o primeiro menino a nascer no hospital São Severino em Sorocaba. Cresci ouvindo essa história, meu pai (que também chamava-se Severino) não se lembrava muito do padrinho, mas sempre comentava pelas histórias que ouvia dos meus avós que eram funcionários da Tecelagem Santa Rosália...

    ResponderExcluir

Ari Custódio se filia ao MDB : Um Novo Capítulo na Política Local

  O cenário político local recebeu um novo impulso com a filiação de Ari Custódio ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Ari, conhecido ...