segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Pelado, pelado. Num com a mão no bolso.

Por : Roberto Celestino
No ano de 1987, ecoava nas rádios e televisão brasileira, entre solos de guitarra e a batita forte a mais de 120 bpm, a voz forte de Roger Moreira, vocalista do Ultrage a Rigor gritando o refrão da música Pelado: “Pelado, pelado, nu com a mão no bolso”.
Bons tempos aqueles, em que as músicas além da batida forte do rock e de melodias agradáveis traziam em suas letras um grito social que apelava por melhorias em diversas áreas.
Talvez você tenha feito agora aquela cara de: “ham! como assim?” Uma música que fala de alguém pelado pode ser considerada de cunho social?
Nesse caso sim. Embora na época e a posteriori, os críticos que não atentavam minuciosamente para a letra da referida música, pensavam tratar-se de uma letra que implicitamente expunha algo pornográfico ou, no mínimo, alguma falta de vergonha.
Basta analisarmos a letra da música e lá encontraremos:

Indecente é você ter que ficar despido de cultura
Daí não tem jeito quando a coisa fica dura
Sem roupa, sem saúde, sem casa, tudo é tão imoral
A barriga pelada é que é a vergonha nacional.”
Após quase trinta anos do lançamento da música, hoje nos sentimos mais pelados que nunca. Quanto a isso, quero ater-me apenas a questão da segurança pública, que apesar de não estar explícita na música em questão, convive conosco como mal vizinho.
Estamos pelados de segurança. Na nossa cidade não conseguimos mais andar tranquilamente. Estávamos acostumados a ouvir sobre assaltos praticados por aqui numa média de 4 ou 5 por ano, hoje são cinco ou seis por dia (e assim como no texto “O assalto”, de Carlos Drummond de Andrade, existem os exageros nos relatos e, acabamos ouvindo sobre quinze ou mais por dia). O fato é, que todos os dias alguém é despido do seu celular, da sua carteira, do seu sossego, enfim. Estamos pelados e, a cada dia ficamos mais pelados ainda.
A situação é a seguinte:
Estamos pelados de segurança.
A cidade não tem mais delegacia, ficou pelada também.
Andamos “pelados” de medo.
Se sairmos com algo nos bolsos, voltamos pelados.
Pra não sermos roubados, a solução vai ser andar pelado.
A polícia que não prende ladrão nos prenderá se estivermos pelados.
Um momento, passou alguém correndo aqui na rua gritando, irei ver o que é e já volto.
...
Pronto, voltei.
Era uma pessoa que foi roubada ali em cima e desceu correndo pelada.
Desculpa, barulho de sirene. Vou ver o que é.
...
Ufa! Era a polícia. Prendeu o pelado.
Está preso.
Pelado,pelado, nu com a mão no bolso.



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