domingo, 23 de janeiro de 2011

A oposição em crise, dividida e sem rumo



Em 2010 a oposição sofreu uma derrota sem precedentes porque, mais do que eleitoral, foi também política e ideológica. O PSDB retrocedeu ao assumir um discurso de direita. A campanha de seu candidato a presidente, José Serra foi mais do que conservadora — foi de ódio e exploração de preconceitos de todo tipo.



Seus parceiros não se saíram melhor. O DEM vive uma crise assumida, e sua principal liderança, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM-PSDB), enquanto continua a rechear a máquina da prefeitura paulistana de tucanos, quer de todos os modos sair do partido e se filiar ao PMDB onde, até agora, não é bem-vindo. Também a fidelidade partidária é um obstáculo que ele teme e precisa superar, no que depende da boa vontade da direção do DEM.

E o PPS se transformou numa sombra. É uma sublegenda do PSDB. Sempre foi. Agora, além da crise de identidade e programática, e da derrota eleitoral, os tucanos estão profundamente divididos e sem rumo. Mas, hoje, não passa de partido de cartório que serviu para eleger seu presidente nacional, Roberto Freire, deputado por São Paulo já que em seu estado natal ele não tem votos para se eleger nem vereador. Assim, na prática, a máquina tucana é que garantiu sua cadeira por São Paulo.

Além da crise de identidade e programática, e da derrota eleitoral, os tucanos estão profundamente divididos e sem rumo. Em tudo: tanto quanto em relação ao que fazer, quanto à forma de atuar e ainda em torno de três ou quatro lideranças, cada uma puxando para um lado.

Quem tem muito cacique não tem nenhum

O presidenciável derrotado José Serra, o governador Geraldo Alckmin e o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) engalfinham-se na disputa pelo controle do PSDB e, já, da sucessão em 2014.

José Serra, quando reaparece — como aconteceu em Fortaleza agora —, dá sinais claros de que é candidatíssimo a presidente da República de novo, em 2014 e pela terceira vez. Pior, ainda, para eles, é quando José Serra, que já perdeu duas vezes a Presidência, faz o jogo amarrado de mal despiste — finge e não deixa claro nem que é nem que não é candidato ao Planalto. Mas, também, não deixa a condição de futuro candidato...

Já o senador Aécio, a partir de Minas e do governo Antônio Anastásia, não faz outra coisa a não ser tratar de 2014, de sua candidatura presidencial na próxima eleição. Inclusive, preparando a candidatura ao Palácio da Liberdade de Márcio Lacerda (PSB), hoje prefeito de BH e candidato à reeleição no ano que vem. E numa vã tentativa de envolver o PT...

Melhor situação é a de Alckmin

Dos três ou quatro líderes que se digladiam no tucanato (sim, FHC continua a postos), Geraldo Alckmin é o que está em posição mais confortável: governa São Paulo, conta com a poderosa máquina paulista; terá a maioria do partido no estado, previsivelmente este ano, na eleição municipal do ano que vem, e na de 2014; e pode ser candidato à reeleição ou a presidente daqui a quatro anos.

Para piorar tudo, os tucanos não se entendem com relação ao governo Dilma. Estimulado por José Serra, um setor quer fazer oposição radical, do quanto pior melhor, ao Palácio do Planalto. Basta ler as declarações de Serra em seu Twitter. Já Alckmin, Anastasia e os demais governadores tucanos não querem saber de oposição. Precisam governar e manter relações institucionais com o governo Dilma.

Risco nas duas situações: oposição radical a um governo que acaba de ser eleito e apoiado por ampla maioria nacional; ou, não ser e chegar às disputas eleitorais de 2012 e 2014 naquela posição híbrida que tinham no começo da campanha eleitoral de 2010, quando não eram nem oposicionistas nem governistas. Uma parte fazia cara de paisagem em relação ao presidente Lula e a outra fazia oposição.

Resumo da ópera: assim caminha o tucanato. Sem eira e nem beira.

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