Baixo efetivo policial,
armamento precário contraposto às armas de guerra usadas pelas
quadrilhas e a sensação de impunidade impulsionam os crimes. Último caso
foi em Sertânia
O alvo da investida era o cofre central da agência do Banco do Brasil
Foto: Reprodução/Blog Tribuna de Moxotó
Talita Barbosa
“Parecia
coisa de faroeste”, relatou o estudante João Henrique de Almeida,
morador de Sertânia, no Sertão. A cidade foi o novo cenário do filme de
terror que assusta moradores no interior do Estado, em um capítulo
marcado por intimidação, violência e amadorismo. Na madrugada de ontem,
15 homens armados com fuzis e metralhadoras usaram dez pessoas como
escudo para roubar uma agência do Banco do Brasil. Os bandidos tentaram
explodir o cofre central com bananas de dinamite, mas não conseguiram
levar o dinheiro.
“Eles entraram apavorados. Pareciam
nervosos, falavam o tempo todo um para o outro que deviam fugir e era
melhor desistirem. A gente nunca viveu algo assim por aqui”, relata um
dos reféns que preferiu não se identificar. A investida aconteceu por
volta das 3h. Durante a fuga, a quadrilha jogou explosivos em frente à
cadeia da cidade e atirou oito vezes contra um veículo que se recusou a
parar. O motorista não se feriu. Os suspeitos estavam encapuzados, com
coletes de uma empresa de segurança e capas de chuva.
Segundo a Polícia Militar, os reféns
foram liberados após a tentativa frustrada de explosão ao cofre. Em
nota, o Banco do Brasil afirmou que colabora com as investigações e
“ainda não há previsão de normalização do atendimento na Agência
Sertânia”.
Com esse, sobe para 252 o número de investidas violentas contra bancos em Pernambuco, de janeiro a outubro deste ano. As quadrilhas aterrorizam cidades antes pacatas praticando
uma espécie de “novo cangaço”, em alusão ao grupo comandado por
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que impôs medo no Sertão
nordestino até 1938, quando foi morto. Assim como ele, os bandidos
fecham cidades pequenas, com baixo efetivo policial, próximas a rotas de
fugas e distantes de possíveis centros de reforços. Essas condições,
somadas ao armamento precário contraposto às armas de guerra usadas
pelas quadrilhas e a sensação de impunidade, atuam como motores do
aumento desse tipo de crime.
SEM AÇÃO
“Hoje temos mais uma agência danificada e
não há mudanças nas ações de Segurança Pública. Enquanto o efetivo
policial não aumentar nas cidades, principalmente no interior, vamos ver
novos casos de violência. É como se tivessem nos jogado à própria sorte”,
afirma o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários,
João Rufino. A Secretaria de Defesa Social (SDS), afirmou que a ação
frustrada dos assaltantes têm relação com o trabalho ostensivo das
polícias, seja por meio de prevenção ou investigação.
Uma das alternativas das agências para
tentar coibir as explosões é usar um dispositivo que mancha as notas
quando o equipamento é danificado. De acordo com o Banco Central, o
cidadão deve recusar notas manchadas de rosa. Quem sacar dinheiro assim
deve procurar qualquer agência do banco e apresentar a cédula. O banco é
obrigado a realizar a troca imediatamente.
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