quinta-feira, 26 de maio de 2016

Médico morto dentro do Samu se desentendeu com atirador, diz mulher


Paola Oliveira, mulher do médico Deives Dias de Oliveira, morto no Samu de Piracicaba (Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)Paola Oliveira, mulher do médico morto no Samu de Piracicaba (Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV)
A mulher do médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Deives Dias de Oliveira, de 40 anos, morto com quatro tiros por um colega de trabalho dentro da unidade, em Piracicaba (SP), afirmou, nesta quarta-feira (25), que o marido contou que teve um desentendimento profissional com o atirador, Jorel Bottene, de 52, na última sexta-feira (20).
Nessa terça (24), Bottene assassinou Oliveira, que era coordenador da Central de Vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) de Piracicaba, no refeitório do Samu e depois se matou com um tiro no próprio peito. A polícia investiga o que motivou o crime.
'Proteção'
Paola Oliveira, mulher da vítima, negou a afirmação da família de Bottene sobre o marido perseguir ou assediar o colega de trabalho. "Na verdade, ele o protegia. Por diversas vezes, meu marido chegou a cobrir os plantões dele quando se ausentava porque não queria levar a reclamação para o secretário de Saúde", contou. "Ele pensava na família dele", ressaltou.
"Deives dizia não saber mais o que fazer com o Jorel porque, há tempos, ele faltava ou chegava atrasado nos plantões. Então, foi conversar para chamar a atenção dele e fez uma reclamação formal, mas ele se ofendeu e fez o que fez", relatou Paola.
Deives Dias de Oliveira assume interinamente a Secretaria da Saúde de Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)Deives Dias de Oliveira assumiu Secretaria da Saúde de Piracicaba em 2013 (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
'Dizia que ia matar'
O irmão de Jorel Bottene afirmou que o clínico geral tinha a intenção de matar o colega "há muito tempo". De acordo com o familiar, o médico já havia comentado com a família que pensava em cometer o crime porque era assediado moralmente por Oliveira estava com dificuldade de trabalhar por conta da perseguição.

Josiris Bottene afirmou que o irmão era "humilhado há anos" por Oliveira. Além das discussões no trabalho, o homem também afirmou que o médico não estava mais conseguindo receber plantões no Samu por conta da desavença com o outro profissional e chegou a ter dificuldades financeiras por isso.
Pistola 6.35 foi usada por médico para matar colega nesta terça em Piracicaba (Foto: Marcello Carvalho/G1)Pistola 6.35 foi usada por médico para matar
colega (Foto: Marcello Carvalho/G1)
Arma do pai
De acordo com a Polícia Civil, a arma usada pelo médico, uma pistola 6.35, era do pai dele. Uma técnica em enfermagem que trabalha no Samu de Piracicaba contou à investigação que estava na central e ouviu o barulho dos tiros.

Ela disse aos policiais que foi até a cozinha para ver o que estava acontecendo e encontrou Oliveira caído e Bottene também no chão e com a arma na mão. Procurada pelo G1, a testemunha não quis comentar o assunto.
A EPTV, afiliada da Rede Globo, entrou em contato com a irmã de Bottene, que levou o médico até a unidade do Samu nesta manhã, pouco antes do crime. Ela também não quis falar sobre o caso com a reportagem.
Investigação
A Polícia Civil reiterou que continua com a linha de investigação do crime ter sido motivado por um desentendimento profissional entre os médicos. O delegado Ruy Luiz Ramires afirmou que vai analisar todas as possibilidades e, por enquanto, não descarta nenhuma suspeita – inclusive a de um envolvimento de uma terceira pessoa ou um crime passional. "Vamos começar as oitivas", disse.
Delegado Ruy Ramires, responsável pela investigação (Foto: Marcello Carvalho/G1)Delegado Ruy Ramires, responsável pela
investigação (Foto: Marcello Carvalho/G1)
"Vamos investigar com certeza se uma terceira pessoa incentivou o médico a fazer isso ou até se pode ser um crime passional. No momento não podemos descartar nada, mas a primeira possibilidade é uma briga profissional", disse o delegado.
O crime
Os tiros atingiram Oliveira em uma das pernas, no tórax, no abdômen e na cabeça, conforme a secretaria de Saúde do município. Em seguida, Bottene atirou contra o próprio peito. Ele foi levado pelos colegas de Samu até a Santa Casa da cidade, mas morreu a caminho do hospital.
O secretário de Saúde de Piracicaba, Pedro Antonio de Mello, lamentou o ocorrido. Segundo ele, desavenças pessoais podem ter motivado o crime.

"Eram profissionais de alta qualidade e, inicialmente, não havia registros de conflitos entre eles no trabalho. É muito triste, nada que tenha acontecido justifica essa tragédia", disse.

Em 2013, como diretor técnico do Samu, Oliveira chegou a assumir interinamente a Secretaria de Saúde do município. Ele substituiu na época Luiz Roberto Pianelli, que havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). Oliveira acumulou as duas funções na ocasião.
Motivações do crime na unidade do Samu em Piracicaba ainda são desconhecidas (Foto: Claudia Assencio/G1)Motivações do crime na unidade do Samu em Piracicaba são apuradas (Foto: Claudia Assencio/G1)
 

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