Dr.
Paulo Lima.
Usei
esta expressão por pura ironia. Copa do Brasil, Copa do Mundo, uma ova! Copa da
FIFA, isto sim! E antes que você, que me lê neste momento, pense que os
escritos a seguir são mais uma crítica dentre tantas desferidas nos últimos
dias contra este famigerado evento, eu lhe digo que você tem total razão!
Eu,
particularmente, compartilho do pensamento de uma grande maioria que acredita
que o Brasil não precisa de Copa; precisa, sim, de mais saúde, moradia e de uma
melhor educação para as nossas crianças e jovens! Isto é tão elementar que já
está se tornando redundante. No entanto, achei necessário deixar a minha
impressão nestas mal traçadas linhas.
Vejam
vocês, que, se existem ganhadores com esse evento - mais comercial que
propriamente futebolístico - como de fato existem, e taí a FIFA, a REDE GLOBO e
as grandes empreiteiras que não me deixam mentir, esse grande e volumoso bolo
não será repartido entre o povão. Esta é a grande realidade. Querem ver um
exemplo? Quem realmente vai sair no
lucro com a realização de dois ou três jogos da Copa, aqui em Pernambuco?
Semana
que passou vimos a resposta, através de notícias de um projeto de lei que, por
pouco, não foi aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde eram doados
mais de duzentos hectares de terras
pertencentes ao Estado de Pernambuco - que as adquiriu por cerca de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais),
dinheiro pertencente ao povo de Pernambuco - à Arena Pernambuco Negócios e Investimentos
S/A, empresa vinculada a empreiteira Norberto Odebrecht, para a construção de
um fabuloso projeto imobiliário, acoplado à Arena Pernambuco. Enquanto isso,
famílias pobres que foram desalojadas de suas casas, não receberam, sequer, uma
indenização justa o suficiente para a aquisição de um outro imóvel, observem o
absurdo da situação! E ainda tem quem
defenda tal evento, afirmando que o mesmo vai deixar um legado para o
País. Que legado, pergunto?
Mas não
é só.
Os
absurdo se multiplicam, País a fora, onde
o Brasil chega a abdicar de parte de sua soberania em favor da FIFA, uma
entidade privada, que além de exercer o seu domínio nas chamadas “ARENAS” e no
seu entorno, num raio de um kilômetro, se não estou enganado, desde o dia 20 deste mês de maio, até o dia
18 de julho deste ano, permite a restrição do uso de termos e bens que fazem
parte do patrimônio material e imaterial do povo brasileiro, como por exemplo o
pagode, a comercialização do acarajé e da
tapioca pernambucana.
Sim; é
isso mesmo. Durante a realização desse “circo”, se um incauto for pego usando a
palavra “pagode” num evento festivo poderá pagar uma pesada multa à FIFA. Até
as tapioqueiras da Sé, aqui em Olinda, não vão poder vender esta iguaria tão
genuinamente brasileira, apreciada pelos pernambucanos, no entorno da ARENA
PERNAMBUCO! Acrescento: é certo que uma
tal de Associação de Tapioqueiras do Recife, criada recentemente para este fim,
vai poder instalar cinco ou seis barracas para vender tapiocas perto do Estádio
de futebol, mas, sabem quanto vai custar uma tapioca, que no Alto da Sé, em
Olinda, custa dois reais? Vinte reais!
Se o DIDI, dono do pagode mais famoso de Pernambuco, se meter a besta e abrir o
seu pagode, aqui no Recife, durante a Copa, sem autorização da FIFA, poderá ser
condenado a pagar uma pesada multa! Tá bom ou querem mais?
Por
enquanto é só.
Um
abraço a todos.
Paulo Lima é
advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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