sábado, 31 de maio de 2014

VIVA A COPA DO BRASIL! – PARTE I

                                                                                                          Dr. Paulo Lima.


Usei esta expressão por pura ironia. Copa do Brasil, Copa do Mundo, uma ova! Copa da FIFA, isto sim! E antes que você, que me lê neste momento, pense que os escritos a seguir são mais uma crítica dentre tantas desferidas nos últimos dias contra este famigerado evento, eu lhe digo que você tem total razão!
Eu, particularmente, compartilho do pensamento de uma grande maioria que acredita que o Brasil não precisa de Copa; precisa, sim, de mais saúde, moradia e de uma melhor educação para as nossas crianças e jovens! Isto é tão elementar que já está se tornando redundante. No entanto, achei necessário deixar a minha impressão nestas mal traçadas linhas.
Vejam vocês, que, se existem ganhadores com esse evento - mais comercial que propriamente futebolístico - como de fato existem, e taí a FIFA, a REDE GLOBO e as grandes empreiteiras que não me deixam mentir, esse grande e volumoso bolo não será repartido entre o povão. Esta é a grande realidade. Querem ver um exemplo?  Quem realmente vai sair no lucro com a realização de dois ou três jogos da Copa, aqui em Pernambuco?
Semana que passou vimos a resposta, através de notícias de um projeto de lei que, por pouco, não foi aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde eram doados mais de duzentos hectares  de terras pertencentes ao Estado de Pernambuco - que as adquiriu por cerca de  R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), dinheiro pertencente ao povo de Pernambuco -  à Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S/A, empresa vinculada a empreiteira Norberto Odebrecht, para a construção de um fabuloso projeto imobiliário, acoplado à Arena Pernambuco. Enquanto isso, famílias pobres que foram desalojadas de suas casas, não receberam, sequer, uma indenização justa o suficiente para a aquisição de um outro imóvel, observem o absurdo da situação!  E ainda tem quem defenda tal evento, afirmando que o mesmo vai deixar um legado para o País.  Que legado, pergunto?
Mas não é só.
Os absurdo se multiplicam, País a fora, onde  o Brasil chega a abdicar de parte de sua soberania em favor da FIFA, uma entidade privada, que além de exercer o seu domínio nas chamadas “ARENAS” e no seu entorno, num raio de um kilômetro, se não estou enganado,   desde o dia 20 deste mês de maio, até o dia 18 de julho deste ano, permite a restrição do uso de termos e bens que fazem parte do patrimônio material e imaterial do povo brasileiro, como por exemplo o pagode, a comercialização do acarajé  e da tapioca pernambucana.
Sim; é isso mesmo. Durante a realização desse “circo”, se um incauto for pego usando a palavra “pagode” num evento festivo poderá pagar uma pesada multa à FIFA. Até as tapioqueiras da Sé, aqui em Olinda,  não vão poder vender esta iguaria tão genuinamente brasileira, apreciada pelos pernambucanos, no entorno da ARENA PERNAMBUCO!  Acrescento: é certo que uma tal de Associação de Tapioqueiras do Recife, criada recentemente para este fim, vai poder instalar cinco ou seis barracas para vender tapiocas perto do Estádio de futebol, mas, sabem quanto vai custar uma tapioca, que no Alto da Sé, em Olinda, custa dois reais?  Vinte reais! Se o DIDI, dono do pagode mais famoso de Pernambuco, se meter a besta e abrir o seu pagode, aqui no Recife, durante a Copa, sem autorização da FIFA, poderá ser condenado a pagar uma pesada multa! Tá bom ou querem mais?
Por enquanto é só.
Um abraço a todos.



Paulo Lima é advogado e atualmente exerce o cargo de Procurador  Federal.

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