terça-feira, 10 de setembro de 2013

Fábula – “O burro enganado”…

Nem o leão, nem o elefante, nem o hipopótamo, nem mesmo a gralha e a serpente mentiam tanto quanto o sr. Burro.

Estamos em pleno verão no sudeste da África e nenhum animal da selva sabia dizer como aquele asno branco tinha ido parar naquelas planícies. “Me lembro que um dia em que saí à procura de comida, notei um negócio branco se mexendo no meio da mata e pensei que meu almoço estava garantido”, fala o leão. “Farejei, cheguei perto e dei de cara com um burro que nem se tocou com a minha presença“.

O rei da selva lembrou que resolveu rosnar para marcar presença e o animal nem deu atenção.

“Quando cheguei perto para devorá-lo dei um sonoro rugido”, explicou Sua Majestade. “Pera aí, seu leão. Se me devorares, vais morrer, também, pois estou com uma doença muito perigosa e transmissível. Seria até um bem morrer em suas garras do que ficar sofrendo dores horríveis”.
E a narrativa do leão vai em frente. “Perdi logo o apetite. Ao contrário, fiquei com pena do danado do burro e o levei para minha toca para cuidar dele nos instantes finais de sua vida“.

Ao contrário do que pensava e esperava, o leão observava, a cada dia, que o burrico engordava e só gemia de dor quando ele aparecia. Resolveu então montar um esquema para descobrir se o burro era doente ou era malandro. Comentou com a raposa, bem perto do malandro, que iria viajar. Despediu-se dos animais da floresta e lá se foi, esconder.

O burro até chorou de saudade do seu benfeitor: “Buá, buá, buá, o que será de mim sem o rei das selvas? Posso até virar janta de dona onça…“ Mas quando o burrico se viu livre – pensava ele – de qualquer fiscalização mais direta daquele leão todo amarelo, pôs a mangas de fora. “Alô, alô, bicharada da selva. Venham todos até aqui“.

Reunião formada, Sr. Asno começou logo a falar: “Bem, todos sabem que o leão foi viajar; só que me nomeou seu novo representante por aqui. Logo, quero bom tratamento. Bastante capim fresco, frutas, legumes e tudo do melhor. Quem não obedecer será denunciado. Agora vamos ao trabalho.“

A indignação foi total. Obedecer ou não obedecer. Eis a questão. Pelo sim, pelo não, a bicharada resolveu colaborar; afinal, o rei poderia voltar mal-humorado e devorar alguns deles. Quem sabia da armação, entretanto, era a raposa que nada fazia e ria dos outros animais, pois sabia que o leão estava ali perto, numa toca, vendo toda essa malandragem do burro.

“Agora chegou a minha vez. Vou dar àquele ingrato a lição que ele merece”, pensava o leão, que deu um rugido que abalou toda a floresta, inclusive o burro, que tinha engordado uns 20 quilos. E logo, deu voz de comando aos seus serviçais: “Xô, Xô, todo mundo fora, o rei está de volta!”. Nem bem se viu sozinho se jogou no chão e começou a gemer. “Ai, ai, ai, por onde andará meu benfeitor e amigo, sua majestade, o rei da selva?“, e com isto espichou um olho para o leão faminto que acabava de entrar.

“Que bom, que bom, nunca imaginei tal homenagem de meus súditos! Engordaram um burro malandro que agora vai para meu papo.” E, sem explicações, o velho leão se refestelou de um burro mentiroso que se esquecera do velho ditado: “É melhor ser burro por uma vida inteira do que rei por alguns momentos“.

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