segunda-feira, 1 de abril de 2013

GRATIDÃO E LEALDADE POLÍTICA


                                                                        Dr. Paulo Lima*

Ocorreu um fato curioso, na semana que passou, com a vinda da Presidente Dilma à Serra Talhada, para inaugurar Parte da Adutora do Pajeú, obra que, quando concluída beneficiará mais de quatrocentos mil sertanejos e sertanejas. 
Não cabe aqui discutir a grandeza desta obra hídrica e os benefícios que trará para grande parte da população de nosso Estado. O fato que me chamou a atenção foi uma faixa colocada na entrada da cidade e reproduzida pela reportagem do Diário de Pernambuco. Dizia o seguinte: “Presidente Dilma, Serra Talhada sente-se honrada com sua visita! Aqui temos gratidão e lealdade ao seu governo.”
E fiquei a matutar e perguntar aos meus botões: a quem estaria sendo dirigido o recado?  Esta semana veio a resposta.
É que vimos vários exemplos de políticos que tentam confundir a população, misturando a sua administração com ações pessoais. Refiro-me a distribuição de peixe na Semana Santa, onde alguns desses senhores comandavam pessoalmente a distribuição do peixe com a população carente, como se fosse uma iniciativa sua e não da administração, num conluio pecaminoso do público com o privado.
Ora senhores, façam-me um favor!
Onde já se viu cobrar gratidão e lealdade a um governo?
É evidente que um governante, seja ele quem for, é eleito para trabalhar em prol de uma coletividade e, deste modo, não se pode cobrar gratidão das ações que ele realiza, pois não está fazendo mais que sua obrigação legal!
Gratidão e lealdade devemos aos nossos pais, amigos, cônjuges e, eventualmente, aquele que nos faz um favor ou benefício sem obrigação para tanto! A um governo ou administração, quando muito, devemos o reconhecimento pelas obras e realizações! Nada além!
É certo que alguns políticos, na maioria das vezes, sentem-se como se fossem donos de sua administração, esquecendo-se que foram eleitos justamente para servir ao povo.
Somente na Roma dos Imperadores é que se cobrava gratidão e lealdade aos governantes. Hoje, não. Atualmente o cidadão deve cobrar do administrador público ações efetivas para o seu bem-estar e da coletividade, sem dever nada em troca!
Em verdade, estas cobranças enviesadas nada mais são que uma prova do apego que alguns partidos políticos e mesmo alguns políticos têm aos cargos que exercem, a ponto de pensarem que são donos da cidade, do Estado, ou do País que administram, como se tivessem sido eleitos por Deus e não pelo povo, para o exercício de um mandato breve.
É por estas e outras que não concordo com o instituto da reeleição e espero que a reforma política expurgue este instituto, para que a alternância no poder se faça como uma prática benéfica para a democracia.
Tudo o mais não passa de resquícios de um autoritarismo teocrático que não se coaduna com a democracia.
Um abraço a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal. 

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