Opositor
às gestões do PT ao longo de toda a trajetória no Congresso, o deputado
Jarbas Vasconcelos (PMDB) avaliou que a turbulência política nesta nova
etapa não cessará rápido
Foto: Câmara dos Deputados
Após cinco meses e 11 dias de
batalhas exaustivas no plenário do Congresso Nacional, o processo do
impeachment que deve determinar o afastamento de 180 dias da presidente
eleita Dilma Rousseff (PT) iniciou-se. Após acirrada oposição à
mandatária, a bancada federal que catapultou a presidente aguarda
algumas horas para se unir ao projeto pró-governo Michel Temer (PMDB). O
presidente da República interino brigará com o relógio para conter a
insatisfação do grupos que pediam a saída de Dilma e tirar do papel
mudanças consideradas amargas, mas essenciais.
Em Pernambuco, apesar de Dilma ter sido escolhida por 70,8% dos
eleitores do Estado em 2014, a bancada federal votou majoritariamente
por seu afastamento. Agora, dos 25 deputados, pelo menos quatro são
cotados para assumir ministérios e a oposição a Temer deve diminuir
drasticamente.
Com a promessa que continuará ao lado de Dilma até o último momento, a
deputada Luciana Santos (PCdoB) defende que o momento da “nova”
oposição será nas ruas e no Congresso Nacional para “barrar a agenda de
retirada de conquistas e direitos trabalhistas e sociais”. Ao mesmo
tempo, diz ela, “estaremos empreendendo todos os esforços para garantir
que o golpe seja derrotado no Senado”.
Além de Luciana, outros cinco parlamentares devem integrar a oposição
formal a Temer. O trovejante Silvio Costa (PTdoB), um dos últimos
apóstolos do governo Dilma, deve ocupar a liderança da minoria na
Câmara. Aliados do ex-ministro Armando Monteiro Neto (PTB), outros três
deputados (Zeca Cavalcanti, Adalberto Cavalcanti, ambos do PTB, e
Ricardo Teobaldo (PTN)) também devem seguir o cacique político e migrar
de lado.
Opositor às gestões do PT ao longo de toda a trajetória no Congresso,
o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) avaliou que a turbulência
política nesta nova etapa não cessará tão rápido. Ele pondera, porém,
que o presidente interino não deve ter dificuldades para aprovar medidas
necessárias, ao contrário do que aconteceu no governo Dilma. “Tanto a
Câmara quanto o Senado me parecem dispostos a dar essa ajuda”, disse.
“Acho que a gente vai, num primeiro momento no Brasil, se sentir
aliviado, mas tem que se fazer alguma coisa, porque não dá só para
comemorar e não fazer nada”, cobrou o deputado.
O socialista Tadeu Alencar diz que será necessário, antes de tudo,
melhorar a economia para gerar estabilidade política. “A mudança já cria
expectativa, mas ela vem com a mudança de diálogo do governo. O
Congresso está muito mais permeável a uma agenda de reformas. Há medidas
que são impopulares, mas precisam ser feitas em nome de um projeto
maior”, afirmou.
Sobre o futuro, Tadeu Alencar avalia que o presidente interino não pode adotar a mesma fórmula que levou Dilma ao isolamento.
Ele criticou alguns sinais emitidos por Temer, em específico a
partilha de cargos, apesar de ter dito que teria um governo de notáveis.
“Ele já percebeu isso e se posicionou para reduzir o número de
ministérios. Ele também foi criticado para que se colocasse a
inteligência, com qualificação técnica para tocar ministérios”, disse.
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