domingo, 30 de dezembro de 2012

Dois jarbistas sob nova direção no PMDB .



O “jarbismo” hoje tem à frente outro piloto: o deputado federal Raul Henry, que por anos carregou a balda de afilhado do senador Jarbas Vasconcelos. Foi ele quem conduziu à gestão do PSB no Recife.
raul-henry
Por: Ana Lúcia Andrade
A licença veio como herança de um ciclo natural: o do tempo da política. Mas a autonomia só se afirmou com a “distância regulamentar” indispensável a quem pretende alçar voo próprio. É essa transição do “jarbismo” foi quem conduziu à gestão do PSB no Recife dois técnicos que carregam esse carimbo político, embora tenham se fortalecido para os cargos pela primazia técnica: o engenheiro de transportes Roberto Pandolfi, que assumirá a pasta de Finanças da PCR, e o administrador de empresas Murilo Cavalcanti, que estará à frente da Secretaria de Segurança Urbana.
Ambos tiveram uma atuação na linha de frente do processo da migração (antecipada) do PMDB de Jarbas para a base de Eduardo Campos na eleição de Geraldo Julio para prefeito do Recife. Foi na casa de Pandolfi onde o remate foi dado por ser considerado o cara que “faz a intriga do bem”. Sempre é acionado nos momentos em que se precisa de um conciliante. Às vezes, para atuar em espaço onde a resistência do núcleo jarbista é muito forte. Tudo isso seguramente produziu forte efeito na sua escolha para o governo. Mas, assim como o futuro secretário João Braga, mais uma vez o governador Eduardo Campos assinou embaixo tanto na indicação de Pandolfi quanto na de Murilo. E levou “pronto” os nomes que, sem sobra de dúvida, contemplariam o senador Jarbas Vasconcelos e o deputado federal Raul Henry.
Pandolfi conheceu o prefeito eleito Geraldo Julio durante a campanha. Mas da relação com o governador, guarda anos e boas lembranças: foi o administrador de Fernando de Noronha, na gestão do avô de Eduardo, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), que criou a taxa de preservação ambiental. Pandolfi tem um vasto currículo na área de finanças. De campanhas eleitorais e nas de Jarbas Vasconcelos em especial. Mas fisgado pelo governador Eduardo Campos para fazer parte do governo do prefeito eleito do Recife, chegou ao primeiro escalão pela distinção dos “cabelos brancos”. Ele próprio estranhou a deferência por entender que o comando dessa pasta carrega a tradição de ser alguém da “cozinha” do chefe do Executivo. Alguém muito próximo a ele.
“Juntou a fome com a vontade comer. O governador avaliou que Pandolfi vai dar maturidade à gestão”, confidenciou um participante da formação da equipe. “Claro que o papel importante que ele teve na costura da ida do PMDB para o palanque de Geraldo pesou muito. Pessoalmente, Eduardo disse obrigado a Pandolfi. Mas os cabelos brancos dele serão muito importantes ao governo”, acrescenta, à confidência, a mesma testemunha.
A última vez que Roberto Pandolfi pisou em solo de finanças públicas foi há 16 anos, na gestão do então prefeito do Recife Jarbas Vasconcelos. “Era outro Recife. Outra máquina pública. Menor. Mais azeitada. Outro momento. Agora será outra gestão. Do ponto de vista da máquina não devo ter tanto trabalho. Os quadros de excelência da Prefeitura estão exatamente em Finanças e na Procuradoria. O difícil será viabilizar recursos para os projetos de Geraldo. Vamos ter de buscar dinheiro lá fora e o prefeito já deu esse recado”, conta Pandolfi, resgatando as orientações do prefeito eleito na primeira reunião do secretariado.
“INVENTAR A RODA”
Oito horas de voo até Bogotá, capital da Colômbia, e quase 24 horas de conversa com o governador Eduardo Campos, em fevereiro deste ano, sobre o plano do governo colombiano de resgate da cidadania que produziu forte repercussão na segurança pública, conferiu ao administrador de empresas Murilo Cavalcanti credenciais para assumir a primeira secretaria de Segurança Urbana de uma gestão do Recife. Tudo portanto será muito novo, mas não passa necessariamente por “inventar a roda”. Murilo pretende nortear sua gestão pela “integralidade de ações”.
“Até o presidente da Compesa já procurei. Porque o esgoto é motivo de desavença. Também estou conversando com os prefeitos da Região Metropolitana. A ideia é fazer um trabalho conjunto. O crime não tem fronteiras. Ou seja, vou apenas fazer o que nunca foi feito porque não dá mais para adiar essa questão. Meu maior desafio é fazer com que as demais secretarias compreendam o papel do prefeito no combate à violência. Isso é uma cultura nova no Brasil”, pronuncia.
Murilo Cavalcanti conserva com o senador Jarbas Vasconcelos uma relação pessoal. Com o deputado Raul Henry, o encontro é na política, de quem vem atuando como uma espécie de conselheiro nas campanhas eleitorais. O único cargo na gestão Jarbas (1999-2002) que leva sua assinatura é a Secretaria de Projetos Especiais de Fernando de Noronha. Missão cumprida, Murilo votou em Eduardo Campos em 2002, na eleição que marcou a primeira grande derrota eleitoral de Jarbas. Já vinha desde então atuando no terreno dos projetos de Raul Henry. Mas sempre com o pé no seleto grupo de amigos de Jarbas.
Mas foi pelo envolvimento de anos com a questão da segurança pública – ele integra a rede nacional “Brasil sem Armas” -, o entusiasmo pelo modelo colombiano que repassou para o governador Eduardo Campos e a convicção de que pode fazer algo semelhante no Recife, que Murilo Cavalcanti se alimenta do compromisso de, sem “viajar na megalomania”, até pelas dificuldades financeiras, de dar sua contribuição num terreno que por anos foi a razão de sua vida.
Publicado originalmente no portal jconline.ne10.uol.com.br/canal/politica/

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