domingo, 28 de agosto de 2011

Com 9 anos de atraso, FHC afirma: “O país cansou da roubalheira”



E precisa de legenda esta imagem???

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço (fiz)
Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente que herdou o plano real do governo Itamar e conseguiu reduzir a inflação brasileira para níveis razoáveis, além, claro de ter entregue quase todo o patrimônio público brasileiro, ter arroxado salários e gerado enorme problema social para o país, como o aumento expressivo da miséria, do desemprego em massa e maior desproteção social para os desamparados, entre outras credenciais inequívocas de seu legado presidencial, resolveu chamar para si o papel de menestrel pela decência nas coisas públicas e na condenação, veemente, da corrupção.
FHC cunhou a seguinte frase: “O país cansou da roubalheira”.

O ex-presidente está certo em sua afirmação, há que lhe parabenizar pela "sua tese".

Confira, trechos de sua nota, publicada no site “Observador Político”, entremeada com singelos comentários deste blog sobre a legitimidade do cidadão que redigiu tais frases em nome da sociedade brasileira:

“Vira e mexe a questão da corrupção volta à baila. Agora mesmo não se fala de outra coisa. Desde o “mensalão”, com a permissividade do próprio Presidente da época, a onda de desmandos e as teias de cumplicidade se avolumaram...Malfeitorias sempre houve. A diferença é que, de uns anos para cá, ela mudou de patamar com o sinal de perdão diante de cada caso denunciado.

“Não é tão grave assim” ou então, “foi coisa de aloprados” ou ainda de que se trataria “apenas” de dinheiro para pagar contas de campanha eleitoral...O país cansou da roubalheira....


Nesses dois fragmentos de sua tão festejada nota, uma espécie de "invenção da indignação social brasileira", sob a grandiosa liderança do príncipe dos sociólogos, FHC cutuca Lula, quem o superou em todos os níveis possíveis de benfeitos na administração federal, perdendo, é bem verdade, na entrega do patrimônio público, na estagnação econômica prolongada, nos altos custos sociais imposto aos mais pobres e na vaidade incabível n'alma.

FHC não esquece Lula, é uma obsessão para o ilustre morador de Paris. FHC não perdoa e nunca o perdoará pela popularidade e pelo legado do Novo Brasil que Lula edificou, ao desconstruir o ideário neoliberal fracassado do governo tucano, que, eleição após eleição, costuma ser negado várias vezes pelos candidatos do PSDB, como fizeram Serra, duas vezes, em 2002 e 2010, e Alckmin em 2006, e que prenuncia mais uma (re)negação em 2014.

...Por que temer a coleta de assinaturas para uma CPI? Claro, se esta CPI for para valer não deverá nascer arimbada de anti-governo, mas de pró-Brasil, mesmo porque com maioria avassaladora o governo pode controlar as CPI’s, tornando-as carimbadoras de atestados de boa conduta dos acusados.

Nesta passagem, em sua epístola aos justos e honestos, FHC arroga para si, sem a prerrogativa da autoria, aquele velho ditado: "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço (fiz)".  Nunca houve, na história da república brasileira, governo que, sob o trator da aliança política com os conservadores do PFL, setores do PMDB e abençoado pela mídia afeita as suas políticas de governo, demolisse, sem nenhum escrúpulo, qualquer tentativa de erigir uma CPI contra o seu governo.

E não faltaram motivos para isso, um deles, escandaloso, entre tantos outros escândalos abafados em sua administração, foi, sem dúvida alguma, a emenda da reeleição, apresentada pelo governo para possibilitar a FHC, em nome de uma suposta estabilidade social e econômica do Brasil, que concorresse a sua própria sucessão em 1998!  Ou seja, mudaram a regra do jogo durante o desenrolar da partida!  O que se sabe, mas nunca se deixou investigar, por conta, justamente do rolo compressor na Câmara e no Senado do PSDB/PFL e PMDB, inúmeras denúncias que apontavam para compra de votos para a aprovação da emenda por 60% do parlamento, corrompendo partidos e parlamentares, inicialmente contrários a idéia, com muitos milhões de reais.

Pois então FHC, por que seu governo temeu tanto uma CPI? 
Por que não deixou, que ao menos, uma CPI sequer investigasse, por exemplo, a compra de votos para a emenda da reeleição?
Sua "carta aos justos e honestos" é pura retórica e conta com o esquecimento da sociedade para obter apoio público.

Mas não basta denunciar, demitir, prender. É preciso buscar convergências em favor da decência nas coisas públicas. Deve-se ir fechando os canais que facilitam a corrupção. Pode-se reduzir drasticamente, por exemplo, o número de pessoas nomeadas para o exercício de funções públicas sem pertencer ao quadro de funcionários da União, os famosos DAS. Por que não propor no Congresso algo nesta direção? 

Taí outro trecho que só alcança sucesso a partir da presunção do esquecimento coletivo ou da maioria da sociedade.
FHC nunca propôs um projeto de lei para a redução dos cargos de confiança na administração federal e não foi por falta de tempo: teve 8 anos de mandato.
E não foi por falta de apoio político: sempre governou com ampla maioria do parlamento.
E não foi por medo de enfrentar a imprensa brasileira: esta sempre lhe foi fiel escudeira.
Então, a pergunta que se faz necessária: por que, príncipe da sociologia, seu governo não trabalhou com o mesmo afinco, como o mesmo que perseverou pelas privatizações, pela reforma da previdência, pela criação do fator previdenciário, por exemplo, para emplacar a modernização do aparelhamento do Estado?
Teve a oportunidade política para "fazer e acontecer" no parlamento.  Mas não fez... E agora dita a receita do que desconhece como prática política.

...a sociedade não agüenta mais e atribui só a eles e seus apadrinhados os malefícios do Executivo.”

A maior de suas afirmações, a de maior espectro político, com certeza sua assertiva mais contundente.
De fato a sociedade brasileira não suporta mais os malfeitos, tanto do Executivo quanto os do Judiciário/Legislativo.
FHC está corretíssimo, mas sua consciência sobre aquilo que pensa a sociedade chega com atraso, de "insignificantes", 9 anos, se regozija no achado de uma frase que vai de encontro aos anseios dos justos e honestos deste país, mas que, de imediato, a História lhe destitui a genuína credencial para a felicidade do acerto.

O povo cansou da roubalheira sim!
E deu sua resposta em 2002, ao interromper a continuação do governo neoliberal do PSDB, representado pela candidatura de Serra e eleger um governo de interesse nacional!

Revoltou-se e disse NÃO aos escândalos da compra de votos para a reeleição de FHC; das privatizações, a preço de banana, do patrimônio público do país, com financiamento paternal para compradores estrangeiros; dos grampos ilegais no BNDES; do caso Marka/FonteCindam/Cacciola; do Sivam; do Caixa-dois das campanhas de FHC em 1994 e 1998, mais de R$ 15 milhões irregulares; do DNER (maiores que os desvios do DNIT); dos rombos na Sudam e na Sudene que ultrapassaram a cifra dos R$ 3,5 bilhões; do calote no governo federal no Fundef de mais de R$ 11,1 bilhões; do superfaturamento na compra dos computadores do FUST; dos desvios R$ 4,5 milhões de recursos do FAT pela Fundação Teotônio Vilela, órgão do PSDB; das obras irregulares apontada pelo TCU, cerca de 120 com indícios graves de corrupção, como por exemplo a construção da hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares e custou o dobro; do tráfico de influência do diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio, tesoureiro de campanha de Serra e de FHC; da intervenção na Previ, fundo de previdência do Banco do Brasil e com mais de R$ 38 bilhões em ativos, a pedido de Daniel Dantas do Oportunity; vazamento de informações do Banco Central no caso da desvalorização do real em 1998, somente após as eleições, para ajudar a reeleger FHC; do Proer para "ajustar o sistema financeiro brasileiro" consumiu 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões; apagão de 2001, oito meses de racionamento de energia elétrica e um custo adicional aos consumidores que foram obrigados a pagar duas novas tarifas em sua conta de luz. O pacote de ajuda às empresas somou R$ 22,5 bilhões; entre tantos outros desmandos e malfeitos...

O povo cansou disso tudo!

O povo cansou também do aumento colossal da carga tributária nos oito primeiros anos do plano real, da correção pífia da tabela de imposto de renda sobre a pessoa física em apenas 17,5% em oito anos, soterrando a classe média de tributos, da criminalização dos movimentos sociais, da subserviência do governo brasileiro aos interesses internacionais, do engavetamento da corrupção na CGU, do sucateamento criminoso da Petrobrás e na falta de apoio e investimento à Polícia Federal para cumprir sua missão republicana e investigar os crimes, com ferramentas modernas e eficazes.

FHC está corretíssimo: O povo cansou da roubalheira!
Mas também está atrasadíssimo em sua tese, por apenas 9 anos, o que para a história pode ser considerado um tempo ínfimo, mas neste caso, tal afirmação se configura em um oportunismo legítimo de quem prega aquilo pelo qual jamais teve apreço ou filiação quando governou este país.

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