sábado, 11 de abril de 2015

Chapéu de Palha atravessa gerações políticas em Pernambuco


Programa, que começou com Miguel Arraes na década de 80, continua no governo Paulo Câmara

Miguel Arraes é lembrado até hoje pela criação do Chapéu de Palha / Acervo JC

Miguel Arraes é lembrado até hoje pela criação do Chapéu de Palha

Acervo JC

O governo estadual inicia nesta segunda-feira mais uma etapa do Chapéu de Palha na Zona da Mata Norte. Criado na década de 80 por Miguel Arraes em sua segunda gestão como governador (1986-1990), o programa atravessou gerações políticas. Em 2007, Eduardo Campos, neto de Arraes, reeditou a ação e agora Paulo Câmara (PSB) dá continuidade à iniciativa. “O Chapéu de Palha é uma marca da gestão socialista no Estado”, destaca o secretário de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral, responsável por executar o programa este ano.

Quando Miguel Arraes lançou o Chapéu de Palha ainda não havia o conceito de economia criativa, muitos dos empreendimentos instalados hoje em  Suape sequer existiam e o número de usinas de cana-de-açúcar era bem maior. Dessa forma, o número de trabalhadores do setor sucroalcooleiro desempregados na entressafra da cana também era grande e foi justamente para atendê-lo  que Arraes investiu no programa.

O atual da presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros relembra a época em que o Chapéu de Palha foi lançado. “O programa foi recebido com grande entusiasmo. Não é à toa que até hoje o homem do campo tem uma memória muito positiva de Arraes”, destacou.

O Chapéu de Palha surgiu inicialmente como uma ação emergencial para garantir uma renda extra aos trabalhadores na entressafra da cana, período que vai de maio a setembro. Em 2007, no governo Eduardo, o programa virou lei (Lei Estadual nº 13.244/2007). A gestão socialista, inclusive, foi premiada em 2012 devido ao Chapéu de Palha Mulher. A premiação foi concedida pela Organização das Naçoes Unidas em reconhecimento à iniciativa de inclusão social do Estado.

 “Hoje se fala muito do Bolsa Família, mas Arraes lá atrás fazia um programa de distribuição de renda para garantir a dignidade dos trabalhadores da cana no período de entressafra. É motivo de orgulho dar sequência a esse trabalho”, afirmou Danilo.

PROGRAMA ATUA EM NOVAS FRENTES
A reedição do Chapéu de Palha em 2007 ocorreu no dia 4 de maio em dois eventos, sendo um na Mata Sul (Ribeirão) e outro na Mata Norte (Paudalho). Na época, a Fetape estimava que 60 mil trabalhadores precisavam do benefício, mas inicialmente o governo estadual ajudou apenas um terço desse total. O projeto passou a funcionar de forma complementar ao Bolsa Família, modelo usado até hoje. O que mudou de lá para cá é o fato do Chapéu de Palha não ter ficado restrito apenas aos canavieiros.

“Com Eduardo, o governo incorporou ao Chapéu de Palha os setores da fruticultura no Sertão do São Francisco e da pesca artesanal”, enfatiza o secretário de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral, reforçando que na gestão Paulo Câmara (PSB) o programa continuará atuando em frentes diversas.

De acordo com dados da Secretaria de Planejamento, de 2007 até 2014, o Chapéu de Palha beneficiou 231 mil trabalhadores da zona canavieira. Os dados da versão voltada à fruticultura irrigada apontam para 82 mil contemplados (2009 a 2014). Já o modelo criado para a pesca artesanal alcançou, de 2012 ao ano passado, 24 mil pessoas.

Os trabalhadores da Zona da Mata que conseguirem o benefício do Chapéu de Palha este ano ganharão quatro parcelas de até R$ R$ 246,45 complementar ao valor recebido pelo programa Bolsa Família. Os beneficiários ainda poderão escolher um dos cursos oferecidos pelo governo estadual em áreas diversas. 

O presidente da Fetape, Doriel Barros, afirma, no entanto, que atualmente o programa está abaixo das expectativas dos trabalhadores. “O programa tem uma importância para o nosso povo, mas governo Eduardo poderia ter avançado mais”, critica.

Para Doriel, o Chapéu de Palha deve passar por mudanças e uma das mais urgentes é a vinculação com o Bolsa Família. “Hoje tem família que recebe R$ 100. Na época de Arraes, o benefício era de meio salário mínimo. O valor diminuiu”, diz. (F.B).

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