Todos
nós saímos de uma largada em nossas vidas. E logo sabemos que no fim do
percurso estará a chegada. Nada mais óbvio dirão vocês. Mas já irão
entender. Nesta largada apura-se a visão buscando o prêmio, a medalha
conquistada. A meta sempre será a de ouro. Para alcançá-la, somos
capazes de revolver pedras de estreitos caminhos. Ignorar as ervas
daninhas e castigar a relva macia. Ficamos surdos ao canto dos pássaros.
Procuramos as pedras maiores para atravessar o riacho sem nos
preocuparmos em interromper seu cochilo preguiçoso. Nosso olhar não
encontra as flores dos campos e nem o colorido das árvores. Só importa,
chegarmos. E ao chegarmos ao cume da montanha, não temos olhos para a
paisagem que se mistura no horizonte. Para que? Mas, onde o prêmio? No
cume, nada além. De uma pedra cinza abraçada por uma margarida dourada.
Ao lado, um seixo vermelho. No pódio, só. Os outros foram deixados pelo
percurso. Pela intransigência e extrema exigência. Agora, acreditem. Eu
já conquistei a minha medalha. Não é de prata. Nem de ouro. Tão pouco de
bronze. E nem de lata. Conquistada pelo percurso feito, por que ainda
não cheguei ao seu fim. Meu caminho ficou bem marcado, para o caso de
precisar voltar. E me reencontrar. Ela é de alumínio. E muito bem
niquelada. Especial. Para brilhar sempre que me faltar a luz da razão,
do bom senso, da vida. E por ser de alumínio, não tem muito valor. Por
isto não irão me tomá-la. Serei único em sua posse. Onde? Aqui! Quando?
Agora, já!
Por : Antonio Jorge Rettenmaier
Escritor, colunista e palestrante.
Autor dos Livros “Parecem Mentiras” “Ele!”, “Fala Sério!” e “Do Fracasso ao sucesso na arte de viver!”
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