sábado, 2 de julho de 2011

O dia em que Itamar enfrentou FHC

                                                                         


A hipótese de o governador Itamar Franco dar a ordem para que a PM atirasse nas tropas do Exército que guardam a Fazenda Córrego da Ponte (propriedade em nome dos filhos do Presidente) forçou uma reunião de Fernando Henrique Cardoso com sete de seus ministros, durante quatro horas, na noite de terça-feira (12). Diante da configuração da crise constitucional estaria justificado o pedido, ao Congresso, para uma intervenção federal em Minas Gerais, segundo informa a colunista Dora Kramer, do Jornal do Brasil. Ontem (dia 13) Itamar Franco encaminhou pedido de um estudo de viabilidade jurídica de desapropriação da área da fazenda.  
Itamar ameaça FHC e agrava impasse
O governador mineiro, Itamar Franco, reagiu ao ataque do presidente Fernando Henrique Cardoso e encaminhou pedido à Procuradoria Geral do estado para ver se é possível desapropriar a fazenda dos filhos de FHC em Buritis (MG), segundo a Folha de S. Paulo.
Em carta, o Presidente classificara como "bazófia" o ultimato de Itamar para que o Exército deixasse a fazenda em Buritis. Integrantes do MST estão acampados em frente à propriedade desde anteontem.
"O prazo do sr. Presidente terminou. Cabe a mim o próximo lance", disse Itamar, que enviou a PM para a região. Os policiais militares, porém, ficaram na cidade e não foram à fazenda da família de FHC.
Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) disse que só recebe os sem-terra quando eles deixarem a fazenda. O MST diz que não sai da propriedade sem audiência.  
Estudos
O governador de Minas, Itamar Franco, determinou à Procuradoria Geral do Estado que inicie estudos para a desapropriação da fazenda da família do presidente Fernando Henrique, em Buritis, segundo O Estado de S. Paulo.
A medida seria uma represália ao envio de tropas federais para a fazenda, por ordem do Palácio do Planalto, que temia a invasão da propriedade pelo MST. O Presidente afirmou que o Exército permanecerá no local, a menos que Itamar desloque a PM para garantir a segurança.
Sob proteção de cerca de cem policiais, o governador lembrou o bombardeio ao Palácio de la Moneda e a morte do ex-presidente chileno Salvador Allende e disse que "informações sigilosas" o levaram a reforçar o policiamento.
Itamar quer agora desapropriar fazenda de Fernando Henrique
Com o Palácio da Liberdade cercado de atiradores de elite, veículos de combate, cães farejadores e cerca de cem homens da PM especializados em guerrilha, o governador Itamar Franco anunciou ontem (dia 13) o seu novo plano na batalha contra o presidente Fernando Henrique: ameaçou desapropriar a fazenda Córrego da Ponte, em Buritis, por considerar que ela virou fator de crise para o País, segundo O Globo.
O ultimato dado por Itamar para que o Exército se retirasse da fazenda não teve efeito: o Exército não saiu e a PM de Minas não entrou.
FH disse que o Exército permanecerá na fazenda até que Itamar resolva cumprir a Constituição e garantir a segurança da propriedade. O senador Antônio Carlos Magalhães duvidou da sanidade mental de Itamar: "'Se havia alguma dúvida, com esse gesto essa dúvida deixa de existir".
"Sanidade mental"
O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), duvidou ontem (dia 13) da sanidade mental do governador de Minas, Itamar Franco, segundo O Globo. Ao comentar a atitude de Itamar de pôr tropas cercando o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, antes de anunciar que pretende levar adiante um processo de desapropriação da fazenda dos familiares do presidente Fernando Henrique, Antônio Carlos disse:
"Se havia alguma dúvida sobre a sanidade de Itamar, com esse gesto, essa dúvida deixa de existir. Acredito que os mineiros estejam estarrecidos com a atitude do governador".
O presidente do Senado foi irônico ao falar sobre os possíveis desdobramentos da atitude de Itamar.
"Ele vai ficar morando no Palácio da Liberdade, com os soldados. Afinal, um comandante tem que ficar junto com a tropa", disse.
Confronto
"Batalha vazia" é o título do editorial de O Globo: "Não passou da etapa epistolar o confronto anunciado pelo governador Itamar Franco, de Minas Gerais, quando deu um ultimato ao Governo federal para que retirasse o batalhão do Exército encarregado de proteger a fazenda Córrego da Ponte."
"Propriedade do presidente da República, e situada em Minas, a fazenda estava ameaçada de invasão por mais de 600 pessoas arregimentadas pelo Movimento dos Sem-Terra. Aparentemente, o governador descobriu que exagerou na dose, e deixou aberto o caminho para uma solução de compromisso."
Desfecho melancólico
Já caminhava o confronto entre o governador Itamar Franco e o presidente Fernando Henrique para o desfecho melancólico dos fatos que nunca deviam ter acontecido quando espocou a nota do ministro Pimenta da Veiga, segundo a coluna Panorama Político, de Tereza Cruvinel, de O Globo. Seu tom foi tão provocador como o de Itamar e acima do que foi usado por FH em sua carta dura, porém sóbria. Minas já não é mesmo conciliação, e não só por Itamar.
"Guerra"
Ameaças de um lado, provocações de outro e no meio os sem-terra, o Exército e a PM de Minas, segundo o Jornal do Brasil. Um cenário de guerra, que ficou, por enquanto, só no disse-me-disse. Em Buritis, local do confronto marcado para as 6h da manhã de ontem (dia 13), ninguém parecia preocupado. Os comandantes da tropa mineira pediam na recepção do hotel para serem acordados às 7h. Um deles chegou a pedir mais 40 minutos de sono. 
Reação
"Mão Firme" é o título do editorial do Jornal do Brasil: "A mão firme do Governo, pela primeira vez, desceu sem hesitação sobre o plano de ocupações do MST e apresenta saldo de credibilidade. Era o que faltava para acabar com a repetição periódica das invasões de prédios públicos e propriedades agrícolas."
Invasões
A intenção inicial dos sem-terra era invadir a fazenda do embaixador brasileiro em Roma, Paulo Tarso Flecha de Lima, também localizada em Minas. Desistiram depois de calcular que não haveria reação mais dura do Planalto, como o envio do Exército, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Os invasores teriam menos poder de barganha.
Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, 14.09.00

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