segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

'Meu coração não aguenta', diz avó de pernambucana trans que morreu após incêndio durante cirurgia em clínica

 Por Marina Meireles, G1 PE



Mulher trans morre em SP após incêndio durante cirurgia em clínica de SP
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Mulher trans morre em SP após incêndio durante cirurgia em clínica de SP

"Meu coração não aguenta. [...] Ela disse ‘vó, eu vou colocar minha prótese e vou chegar abalando’, era uma realização pra ela". A fala foi de Maria José Muniz, avó de Lorena Muniz, mulher trans de 25 anos que viajou para São Paulo em busca do sonho de colocar silicone nos seios e teve a morte confirmada pelo Hospital das Clínicas da cidade nesta segunda-feira (22) (veja vídeo acima).

Segundo o companheiro de Lorena, ela foi abandonada inconsciente durante incêndio na clínica onde realizava o procedimento na cidade de São Paulo, de onde foi socorrida para o HC, na quarta-feira (17). Ela ficou internada em estado grave após inalar muita fumaça, segundo a unidade de saúde.

Antes de seguir para São Paulo, em agosto de 2020, a jovem dividia uma casa em Fragoso, em Paulista, no Grande Recife, com o companheiro, Washington Barbosa, conhecido como Tom Negro, e com a família. Ao lado da casa, Lorena tinha um salão onde atuava como cabeleireira.

Maria José Muniz, avó de Lorena Muniz, apoiava a neta — Foto: Marina Meireles/G1

Maria José Muniz, avó de Lorena Muniz, apoiava a neta — Foto: Marina Meireles/G1

"Para ir para São Paulo, ela saiu vendendo as coisas do salão. O sonho da vida dela era colocar uma prótese. Ela disse que só iria se sentir mulher quando colocasse", contou a tia de Lorena, a massoterapeuta Rinalda Muniz.

“O sonho da vida dela era colocar uma prótese. Ela disse que só iria se sentir mulher quando colocasse a prótese”, disse Rinalda.

A transexualidade de Lorena foi acolhida pela família. "A gente errava, às vezes, chamava [pelo nome de registro], mas sempre acolhemos. Minha avó nunca colocou para fora, sempre ficou aqui com a gente", disse o irmão de Lorena, Ricardo Muniz.

Lorena Muniz mandou mensagem para a tia por aplicativo de mensagem no dia 17 de fevereiro — Foto: Marina Meireles/G1

Lorena Muniz mandou mensagem para a tia por aplicativo de mensagem no dia 17 de fevereiro — Foto: Marina Meireles/G1

Durante o período longe de casa, a família afirmou sempre ter recebido notícias de Lorena. No dia 17 de fevereiro, a cabeleireira enviou uma última mensagem para a tia Rinalda, informando sobre a cirurgia. "Quando eu acordar eu falo", disse Lorena, no texto.

Ao saber da notícia sobre Lorena, a família fez o possível para tentar ir para São Paulo. "A mãe dela pediu um adiantamento à patroa para viajar", contou Rinalda.

Lorena Muniz, antes de viajar, trabalhava como cabeleireira ao lado de casa, no Grande Recife — Foto: Marina Meireles/G1

Lorena Muniz, antes de viajar, trabalhava como cabeleireira ao lado de casa, no Grande Recife — Foto: Marina Meireles/G1

"O erro dela foi procurar um lugar barato. Várias pessoas disseram para não ir. Eu sou massoterapeuta e minhas clientes comentam que o que a gente mais vê são coisas assim dando errado, como aconteceu com aquela influenciadora digital do interior. Foi um barato que saiu caro, principalmente para a gente", disse Rinalda.

"A ficha ainda não caiu. Eu não tive nem como chorar ainda, porque é difícil acreditar. Eu espero que a gente consiga trazer o corpo pra poder ter uma despedida", disse a tia de Lorena.

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