segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Número de políticos estreantes cai 26%


Dos 1.057 parlamentares eleitos para as 26 Assembleias Legislativas e para a Câmara Distrital, 459 não são deputados reeleitos – taxa de 43% de renovação. Esse índice, porém, mascara outro dado, obtido por um levantamento feito pelo Estado: apenas 153 (15%) desses novatos nunca exerceram nenhum mandato eletivo e realmente estrearam nas urnas em 2014, um ano após os protestos que, entre outras bandeiras, pregaram a renovação política.

Esse índice de estreantes nos Legislativos estaduais é 26% inferior ao registrado em 2010, quando o mote de “mudança” não estava tão espraiado pelas candidaturas País afora. Naquele ano, 207 parlamentares nunca haviam sido vereadores, prefeitos ou mesmo deputados em mandatos anteriores.

As Assembleias e a Câmara Distrital costumam ser o passo imediato para quem quer chegar ao Congresso. Dos próximos 513 deputados federais, pelo menos 26 exerceram mandato em seus Estados na última legislatura e, em 2015, vão mudar para gabinetes em Brasília. São raros os estreantes nas urnas que começam a carreira política diretamente no Congresso – geralmente, são pessoas que contam com alguma notoriedade anterior à política, como artistas e ex-esportistas.

O fato de um parlamentar ter sido eleito pela primeira vez não significa necessariamente que ele nunca esteve próximo do poder. Ao contrário, muitos deputados estaduais conseguiram a primeira vitória nas urnas embalados pelo sobrenome conhecido do eleitor ou por apadrinhamento. Outra receita adotada por novatos que conquistaram um mandato pela primeira vez é o respaldo de igrejas ou de corporações.

O PSDB foi o partido que mais elegeu caras novas pelo Brasil: são 14 no total. PMDB e PSB vêm na sequência da lista, com 12 nomes cada.

A Região Norte foi a que mais renovou seu quadro de parlamentares no País em 2014. Dos 185 deputados eleitos nos sete Estados, 41 são inexperientes na função. No Acre, os eleitores renovaram 75% (18) das cadeiras – dez deles são novatos.

Na ponta contrária, o Sul e o Centro-Oeste foram mais conservadores neste ano e elegeram menos de 10% de nomes sem experiência legislativa.

Em Mato Grosso do Sul, todos os deputados eleitos têm experiência na vida pública. No vizinho Mato Grosso, uma das estreantes é Janaina Riva (PSD), filha do ex-presidente da Assembleia José Riva, que tentou disputar o governo estadual, mas foi barrado na Lei da Ficha Limpa – ele responde a mais de 100 processos judiciais e possui duas condenações no Tribunal de Justiça do Estado. Janaina foi uma das 19 mulheres eleitas sem experiência na política – elas representam 15,28% do total. “Em Mato Grosso, que é um Estado extremamente machista, ser eleita sendo mulher já representa uma grande evolução”, disse.

Questionada se o fato de ser herdeira política enfraquece o aspecto de renovação de sua eleição, Janaina respondeu: “Há um prejulgamento, esperam que eu seja como meu pai. Apesar de admirá-lo, venho com objetivos novos, fôlego novo”.

Menos mudança. O Legislativo paulista teve a menor renovação desde 1950. Dos 94 deputados estaduais que vão assumir em 2015, 62 (66%) foram reeleitos. Entre os 11 novatos em mandatos eletivos, quatro são pastores de igrejas evangélicas, dois são produtores rurais e um é representante da Polícia Civil.

O delegado Olim (PP) foi o quinto mais votado no Estado e ajudou a dobrar a “bancada da bala” – eram dois eleitos em 2010 e agora são quatro. “Quero lutar pela redução da maioridade penal. Não quero ser mais um poste na Assembleia e vou me esforçar por isso”, disse. A legislação penal, no entanto, só pode ser alterada no Congresso. “Tenho projetos, mas não gostaria de falar por enquanto. Preciso aprender como a Assembleia funciona antes.”

No Nordeste, a renovação ocorre em família. Em Alagoas, todos os seis novatos são filhos de parlamentares. No Maranhão, a família Sarney saiu enfraquecida, mas deixou um novo representante. Aos 34 anos, o economista e empresário Adriano Sarney (PV) é o primeiro neto do senador José Sarney (AP) a ingressar na política. Ele é primogênito do deputado federal Sarney Filho (PV). O avô e a tia – a governadora Roseana Sarney (PMDB) – se aposentam em 2015.

A campanha de Adriano abordou questões ambientais e da juventude sob o refrão de jingle “Ele é diferente”. Ao mesmo tempo, exibiu um depoimento do avô pedindo votos ao neto. “Tenho uma relação madura com o poder por ter convivido a minha vida toda. O poder e a política têm ônus pesadíssimos.” (O Estado de S. Paulo)

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