sábado, 1 de setembro de 2012

Conheça Alienaldo, o eleitor – por Menelau Júnior



A história que narro aqui é ficcional. Qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência. Ou, como diria o senhor Alienaldo, personagem desta história, uma “conhecidência”.
Alienaldo não é uma pessoa má. Só é inocente, manobrável, bobo. Ele faz questão de votar.
Alienaldo, infelizmente, estudou pouco. Não sabe o que é história. Não sabe o que faz um vereador. Acha que é alguém que deve emprestar uma “ambulança” ou fazer um “caçaumento”.
Alienaldo sonha em ter uma “brechinha” na prefeitura se o candidato dele ganhar na próxima eleição. Para ele, discutir política é chamar o adversário de ladrão. Para ele, discutir política é mostrar o que não está bom. Para ele, política é sinônimo de denuncismo, baixaria, pouco assunto e, se der, algumas cestas básicas.
Alienaldo, claro, é movido a paixões e interesses. Para ele, quanto mais baixo o nível do guia eleitoral melhor. Ele quer mesmo é que o circo pegue fogo. Para ele, Q.I. não é sinônimo de inteligência. É a sigla de “Quem Indica”.
Por isso, Alienaldo teve uma de suas melhores semanas. Pedra de lá, restaurante de cá, palhaço de lá, documentos de cá… Foi uma festa! Alienaldo teve assunto – a falta de assunto!
Esta semana, Alienaldo vai tentar vender o voto. Por trinta reais ele faz negócio. Se alguém oferecer cinquenta, ele dá o voto e os filhos. Porque Alienaldo não pensa, não reflete, não enxerga. Sua ignorância o faz vítima fácil do populismo barato e desavergonhado. Sua pobreza intelectual o faz massa de manobra, plateia de escândalos, animal de carga. Ele caminha ao lado de candidatos mas não conhece nenhuma proposta. Ele pega carona em qualquer carreata, mas não sabe quem está à frente. Alienaldo tem orgulho de ser chamado de militante. Ele milita, combate, vai à luta. É um guerreiro contra os ladrões que estão do outro lado.
Alienaldo é mais um em algum lugar do Brasil. É mais um com uma arma poderosa nas mãos: o voto. O problema é que Alienaldo é obrigado a usar esta arma. E não tem nenhuma capacidade para fazê-lo. Ele só tem anjos e demônios ao seu redor. Quem tiver o melhor argumento (ou a melhor falta de argumento) fará Alienaldo atirar. O problema é que, com a arma dele, uma cidade pode ficar em ruínas.
Menelau Júnior é professor de Português
menelaujr@uol.com.br

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