domingo, 12 de abril de 2020

Coronavírus: número de casos em Pernambuco aumentou 12 vezes em 15 dias

PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

Faz exatamente um mês que a ameaça do novo coronavírus se tornou mais concreta em Pernambuco. Com o anúncio, em 12 de março (um dia após a Organização Mundial de Saúde reconhecer a covid-19 como pandemia), dos dois primeiros pacientes com diagnóstico confirmado da doença no Estado, a sensação que todos nós tivemos foi de perigo ao nosso lado. Isso aconteceu duas semanas após o Carnaval, festa que reuniu um universo sem tamanho de pessoas, que vieram de todas as cidades e países da Europa, onde a epidemia já se alargava descontroladamente naquela ocasião. Foi justamente numa Terça-Feira Gorda (25/2), quando se registrou o primeiro caso suspeito em território pernambucano, que a tensão se aproximou de nós. Dias depois, o caso foi descartado, mas nossos gestores sabiam que, para a infecção se fazer real (ou oficialmente detectada) no Estado, era uma questão de tempo. E foi.
O dia 12 de março, então, tornou-se muito marcante, com confirmação de dois casos (um casal de idosos, que fazem parte do grupo de risco para agravamento da covid-19) e, logo em seguida, um caso associado a eles (transmissão local): uma senhora de 97 anos, que felizmente está recuperada. De lá para cá, só assistimos à ascensão da nossa curva de adoecimento, de complicações e de óbitos. O sentimento é que diariamente tocamos a campainha do alarme cada vez mais alta. Nas últimas duas semanas, o número de casos de covid-19 em Pernambuco aumentou 12 vezes, e o volume de mortos acompanha essa expansão.
Atualmente, segundo dados de ontem da Secretaria Estadual de Saúde, existem 816 confirmações da doença e 72 pessoas já perderam a vida, o que representa famílias impactadas social e emocionalmente pela pandemia. Além disso, milhares de pernambucanos, como acontece em todo o mundo, lutam por suas vidas nos hospitais, seja em unidade de terapia intensiva (UTI) ou em leito de enfermaria.

Milhares de casos

Na minha opinião, fazer isoladamente essa contagem de casos e óbitos não retrata a história completa da epidemia no nosso Estado. Até porque, quando falamos em 816 pessoas (entre eles, 227 profissionais de saúde) com diagnóstico positivo do nosso coronavírus, estamos nos referindo a apenas 15% dos afetados pela infecção. São aqueles com sintomas graves e críticos, que são submetidos ao teste de diagnóstico. Ou seja, os 816 casos representam centenas entre os milhares que circulam entre nós, especialmente entre quem ainda faz questão de não respeitar o “fique em casa”.
Numa conversa, neste fim de semana, com Dr. Demetrius Montenegro, o porta-voz oficial da infectologia em Pernambuco para atualização da covid-19, chegamos a uma conta de milhares de outros casos que, por não estarem fazendo o teste (pessoas com sintomas leves e outras assintomáticas), não chegam a fazer parte das estatísticas oficiais. Os atuais 816 infectados que estão no boletim epidemiológico de ontem são, sem sobra de dúvidas, apenas os pacientes que precisaram atendimento em unidade de saúde e positivaram.
Fora desse universo, ainda temos todos os casos leves e moderados, que estão em casa, observando os sintomas e, no cenário ideal, tomando os cuidados necessários. Numa conta modesta, com o suporte do raciocínio epidemiológico, Pernambuco teria uma estimativa de 6.256 casos positivos de covid-19, segundo critério exclusivamente laboratorial. Se consideramos a possibilidade de falso-negativo entre 30% e 40% dos testes tipo RT-PCR, essa conta aumenta ainda mais. E segue ainda mais alta se pensarmos que, somado a tudo isso, há uma fatia mais difícil ainda de calcular: os assintomáticos. Sim, aqueles que, mesmo após terem sido expostos ao vírus, não apresentam sequer um quadro gripal.
O detalhe é ainda mais intrigante se fizermos a pergunta: como rastrear essa população silenciosa do novo coronavírus? Difícil. Mas há uma orientação clara: se todos nós estamos susceptíveis à infecção, estamos sujeitos a ser agentes de transmissão, se não respeitarmos as medidas de prevenção e o isolamento social.

Em casa

Então, neste momento, o melhor que temos a fazer é permanecer mesmo em casa. O governo tem, sim, que dar a segurança necessária para continuarmos a respeitar a quarentena: manter um sistema de proteção social para o grupo que será mais afetado, o das periferias, que continua sendo exposto, que continua no meio da rua porque, sem garantias, precisa se locomover para garantir o sustento de cada dia. É por isso que esta pandemia atinge toda a humanidade; toda mesmo, sem exceção. Não estamos brincando de criar pânico, como ainda algumas pessoas dizem, lamentavelmente.
A crise não é apenas da saúde pública; é uma crise que afeta todos os setores da sociedade. Isso já é o suficiente para frisar que todos os indivíduos têm um importante papel nesta luta a favor da vida. Queremos proteção para a saúde, mas também desejamos que, neste momento e mais ainda no pós-pandemia, a população consiga ter um bom suporte para minimizar os impactos socioeconômicos sem deixar de lado o respeito pelos direitos humanos. Apesar de assistirmos a uma expansão acelerada de casos que, cada vez mais, parece perder o controle, sempre é tempo de fazermos a nossa parte para caminharmos na direção contrária dessa ascensão. Mesmo longe fisicamente, temos um poder imenso para cuidarmos uns dos outros. Permaneçamos em casa!

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