A dancinha de Roger Milla após marcar para Camarões na derrota para a Rússia em 1994 marcou algo mais além do gol de honra africano no massacre sofrido por 6 a 1. Então com 42 anos, o camaronês entrou no decorrer da partida em São Francisco para levar para casa o recorde de jogador mais velho da história das Copas do Mundo. Mas hoje, duas décadas depois, um novo quarentão pleiteia tomar o seu lugar no almanaque da Fifa.
O colombiano Faryd Camilo Mondragón Alí veio ao Brasil para reclamar o título de mais velho das Copas. O goleiro teve a convocação confirmada pelo técnico argentino José Pekermán, o goleiro que completa 43 anos em junho estará em sua terceira Copa. O atleta do Deportivo Cali foi titular em 1998 e, em 1994, esteve na reserva de Óscar Córdoba nos três jogos da Colômbia – naquele torneio, o ídolo René Higuita não foi porque vinha de uma prisão em seu país, acusado de envolvimento em um sequestro.
Mas a presença no Brasil serve como uma homenagem ou de fato premia um momento esportivo de competência? Quem opina é Andrés Vivero, jornalista do jornal colombiano "El Tiempo".
"É um pouco das duas coisas, na verdade. Mondragón vem jogando pelo Deportivo Cali, mas talvez existam goleiros em melhor momento", diz Vivero. "Mas em geral ele conta com a aprovação (de torcida e imprensa)", acrescenta o jornalista.
Em 12 de junho, dia da abertura oficial da Copa, Mondragón terá 42 anos, 11 meses e 23 dias. Com esta idade, já pode superar a marca de Roger Milla, que tinha 42 anos, um mês e oito dias na derrota de sua seleção para a Rússia em 1994 [é o único "não-goleiro" no top 5 dos mais veteranos; veja abaixo].
O goleiro colombiano completará 43 anos em 21 de junho, antes, portanto, do terceiro jogo da Colômbia na primeira fase da Copa. Mas para bater o recorde de Milla, precisará de um gesto de boa vontade do técnico, quem sabe entrando por alguns minutos no fim de uma partida.
Apesar de ter jogado com Pekermán em algumas ocasiões nos últimos anos, o veterano Mondragón viajará ao Brasil na condição de reserva, atrás de David Ospina (Nice-FRA). E, na teoria, ainda disputa o lugar no banco com Camilo Vargas (Independiente Santa Fé). Uma situação que pode ser vista como o que foi o veterano Emerson Leão com Telê Santana na Copa de 1986.
"Se a Colômbia se classificar, pode ser que jogue pelo recorde, talvez na última partida, em alguns minutos. Mas não vão colocar a possibilidade de recorde acima dos interesses coletivos", diz o jornalista do "El Tiempo". "Ao contrário do que dizem, nós colombianos vemos um grupo difícil, com Japão e Costa do Marfim como adversários de nível", emenda.
Mondragón disputou a Libertadores de 2014 pelo Deportivo Cali, eliminado na fase de grupos. Nos últimos dias o veterano disse que se dedicará à recuperação física, voltado exclusivamente para o planejamento da seleção. Ainda não se sabe se o Mundial será o último ato de sua carreira. "O Deportivo Cali está classificado para a Sul-Americana. Talvez isso motive ele a jogar mais um semestre", diz Andrés Vivero.
Além do futebol colombiano, Mondragón defendeu em sua longa carreira times de Argentina, Espanha, França, Turquia, Alemanha e Estados Unidos.
Em 2014, provavelmente com Mondragón, a Colômbia volta às Copas depois da ausência em três edições consecutivas. A última imagem do time sul-americano no torneio da Fifa foi justamente com o goleiro. De joelhos apoiados no gramado, secando as lágrimas, o jogador lamentava a derrota para Inglaterra, em 26 de junho de 1998. O revés em Lens marcou a eliminação dos colombianos ainda na primeira fase.
Mas neste ano os colombianos reaparecem no torneio da Fifa em outra situação, acompanhado de prognósticos otimistas. Graças aos bons resultados dos últimos anos, principalmente nas eliminatórias, figuram como cabeça de chave do grupo C. O time de Pekerman estreia contra a Grécia no Mineirão em 14 de junho. Ainda na primeira fase, enfrenta Costa do Marfim e Japão.
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