quinta-feira, 20 de maio de 2010

O tônico mágico de José Serra


Luciano Rezende *




Na semana passada, José Serra, uma vez mais, desdenhou da inteligência do eleitor. Entre vários embustes disse, em entrevista à rádio CBN, que defende um "Estado musculoso".


A fórmula secreta de Serra para tornar o Estado musculoso deve ser parecida com aquelas loções mágicas para fazer cabelo crescer. Talvez essa segunda opção lhe seja mais útil, vindo de um candidato que está careca de saber que seu histórico é de dilapidação do patrimônio nacional.

Não existe fórmula mágica para fortalecer o Estado e ele tampouco será robustecido a base de espinafradas.

A receita seguida pelo governo Lula/Dilma foi diametralmente oposta da conduzida pelos tucanos. Quem governou sob a tutela do FMI, defendia a subordinação do país à Alca e promoveu as privatarias, deveria ter o mínimo de sensatez para vir agora posar como defensor do Estado Nacional forte, musculoso.

É um desespero parecido com o de Geraldo Alckmin que nas eleições passadas chegou a desfilar com macacões e uniformes de estatais. Serra quer passar gato por lebre logo no início da campanha e vai mais longe que seu antecessor, pois tem a audácia de elogiar publicamente um governo (Lula) que é a antítese da trajetória tucana.

Nem Serra quer fortalecer o Estado como nem de perto é de esquerda. Basta ver seu governo em São Paulo. Serra foge das comemorações dos dias dos trabalhadores porque é odiado pela classe operária. Solta a polícia contra os professores porque é inimigo dos movimentos sociais. Privatiza setores vitais da economia porque é neoliberal. Tem apoio da grande mídia porque representa os anseios dos golpistas e das elites brasileiras. É contra o Mercosul e dos governos de esquerda porque segue os ditames de Washington. Renunciou à prefeitura de São Paulo porque não honra sua palavra. Nomeou como reitor da USP o menos votado pela comunidade universitária porque despreza a democracia; e por aí vai.

Os músculos do Estado enquanto Serra foi ministro do Planejamento no governo FHC foram atrofiados. Sob seus auspícios a Vale do Rio Doce e parte da Petrobras foram vendidas. Privatizou a telefonia e as rodovias federais de maior tráfego resultando em tarifas e pedágios caríssimos. Promoveu o apagão devido a falta de investimentos no sistema de energia elétrica. Isso sem falar nos mais de quinze anos de governo tucano em São Paulo onde privatizaram o Banespa; venderam a Nossa Caixa; entregaram o metrô a consórcios privados; abandonaram as universidades; terceirizaram os serviços de limpeza, merenda escolar e até a confecção de livros escolares em que o Equador foi excluído do mapa.

O halterofilismo político praticado por Serra deve ser revisto por seus assessores com o risco dele ser acometido por alguma câimbra ou sofrer uma distensão mais grave.

Certo mesmo é que Dilma já fez seu aquecimento para a longa caminhada eleitoral e sua ascensão nas pesquisas mostra a vitalidade de uma candidatura que não precisa fazer uso de anabolizantes ou praticar qualquer tipo de contorcionismo eleitoral.


* Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e doutorando em Genética. Da direção estadual do PCdoB - MG.

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