segunda-feira, 7 de setembro de 2015

CRISE : Ajustar para não demitir

Raíssa Ebrahim

?Crises são cíclicas, passam. Empresas que souberem aproveitar estarão bem melhores no futuro. Há problemas de governo, economia e impostos, mas o momento é ímpar e bom para repensar?, reforça Paulo Magnus, diretor da MV / Foto: divulgação/MV

?Crises são cíclicas, passam. Empresas que souberem aproveitar estarão bem melhores no futuro. Há problemas de governo, economia e impostos, mas o momento é ímpar e bom para repensar?, reforça Paulo Magnus, diretor da MV

Foto: divulgação/MV

É hora de repensar os gastos. Cortar daqui, ajustar dali. A meta do momento é racionalizar. Tudo para não demitir. Nos últimos anos, muitas empresas se acostumaram com o período de bonança e gastaram mais do que o necessário. A cultura do excesso, vale lembrar, não se restringe ao mundo corporativo. Está nos governos e nas nossas casas.
A reportagem do Jornal do Commercio ouviu empresas com DNA pernambucano para saber o que tem sido feito no Estado para se adaptar à nova realidade, adequando gestão de processos, diminuindo custos e motivando equipes. Muitas dessas companhias precisaram desligar alguns funcionários, mas esse não é o caminho que querem (e podem) continuar seguindo.
“Os custos estão subindo de forma desproporcional ao resultado das vendas. Por isso, está havendo essa mudança. Todo mundo está analisando onde existem as gorduras e os gastos desnecessários”, diz Guilherme Ferreira Costa, diretor à frente do home center que leva seu sobrenome. A companhia tem 130 anos de fundação e está entre as empresas mais antigas de Pernambuco.
Com mais de dois mil funcionários, fez adaptações que vão desde a implantação de áreas de conferência nas filiais, para reduzir o número de viagens, até distribuição de squeeze, para diminuir o consumo de copos plásticos. A conta de energia caiu 10% com a revisão completa no sistema de ar condicionado, a substituição por lâmpadas de LED, campanhas e outras medidas. Conseguiu reduzir em 30% o desembolso com treinamentos desde a alteração da estratégia do aprendizado organizacional.
“Capacitamos profissionais para que treinamentos passassem a ser feitos internamente. Além disso, temos colocado em prática a metodologia de análise de causa, que avalia os cinco porquês de uma ação antes de fazer um gasto”, explica a gerente corporativa de RH da Ferreira Costa, Andréa Laurindo.
“Crises são cíclicas, passam. Empresas que souberem aproveitar estarão bem melhores no futuro. Há problemas de governo, economia e impostos, mas o momento é ímpar e bom para repensar”, reforça Paulo Magnus, diretor da MV, nome forte do mercado de sistemas de gestão de saúde. Com mil colaboradores, a filosofia da empresa no momento passa pelo questionamento: “Em vez de demitir, posso tentar criar um novo produto para o mercado?”.
“Estamos fazendo de tudo para não demitir, mas nossos colaboradores também estão sendo avaliados”, observa Magnus. “Criou-se um movimento de as pessoas darem um pouco mais de si para se manter no emprego”, detalha ele, que espera superar, em 2015, a marca de crescimento de 20% dos últimos anos.
“Quando você tem uma economia que cresce, como em 2010, 7,5% ao ano, entra-se numa zona de conforto. As gorduras aparecem, do café à energia, passando pelas viagens”, avalia o diretor geral de operações da Jurandir Pires, Fábio Pires. A empresa optou por desligar alguns funcionários de baixa produtividade.
Mas, para evitar mais demissões, realocou pessoas conforme a demanda do novo momento. “Passamos um pente fino nos departamentos”, resume Pires. O RH também fez um trabalho de conscientização para reduzir o turn over, criando metas, incentivando funcionários, conversando, tentando resgatá-los.
A Rishon Cosméticos, uma empresa gerida por mulheres, também resolveu fazer uma grande mudança na área humana. “Preciso de fibra agora, de gente disposta a fazer algo a mais para enfrentar o momento de crise”, enfatiza Marcelle Sultanum, diretora da companhia.
Ela repaginou todo o setor de merchandising aqui no Estado para avaliar quem realmente tinha vontade e condições psicológicas de se manter no cargo daqui para a frente. Resultado: das 25 meninas, apenas sete toparam ficar. “Fizemos um planejamento estratégico no final de 2014 já prevendo que 2015 seria difícil. Quero gente disposta a cumprir as metas traçadas”, destaca Marcelle.
A Esposende optou por investir na readequação de processos. Contratou uma nova equipe para o Centro de Distribuição, visando maior agilidade, entrega e redução de estoque, para poder investir em novos produtos, além de apostar em saldões e outlets.
“Também passamos a treinar e qualificar a equipe para um atendimento de maior qualidade. Antes, nossos vendedores ficavam em linha para atender o cliente, sem ter ordem de atendimento. Quem concluísse sua venda, já podia voltar para a frente de loja. Todos passaram por treinamento e estão aprendendo a valorizar a bom atendimento e buscar fidelização. Agora o processo é por ordem de chegada. Quanto melhor essa recepção maior será a chance de o cliente levar mais itens”, detalha a gerente de marketing da Esposende, Eliana Muller. 
Em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, o diretor presidente da Rota do Mar, Arnaldo Xavier, vem tomando pequenas atitudes com grandes resultados. Além de intensificar a qualificação dos colaboradores, vem mostrando a realidade da economia, para que eles sintam a importância de economizar.
“Estamos mostrando números de investimento e metas. Expomos, por exemplo, a conta de energia e de combustível anterior e a atual, para que eles se envolvam nos gastos da empresa. Assim provamos que uma maior eficiência automaticamente reduz a frequência de demissões”, ensina.
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