
Por : Roberto Celestino
No ano de 1987,
ecoava nas rádios e televisão brasileira, entre solos de guitarra e
a batita forte a mais de 120 bpm, a voz forte de Roger Moreira,
vocalista do Ultrage a Rigor gritando o refrão da música Pelado:
“Pelado, pelado, nu com a mão no bolso”.
Bons tempos aqueles,
em que as músicas além da batida forte do rock e de melodias
agradáveis traziam em suas letras um grito social que apelava por
melhorias em diversas áreas.
Talvez você tenha
feito agora aquela cara de: “ham! como assim?” Uma música que
fala de alguém pelado pode ser considerada de cunho social?
Nesse
caso sim. Embora na época e a posteriori, os críticos que
não atentavam minuciosamente para a letra da referida música,
pensavam tratar-se de uma letra que implicitamente expunha algo
pornográfico ou, no mínimo, alguma falta de vergonha.
Basta
analisarmos a letra da música e lá encontraremos:
“Indecente
é você ter que ficar despido de cultura
Daí
não tem jeito quando a coisa fica dura
Sem
roupa, sem saúde, sem casa, tudo é tão imoral
A
barriga pelada é que é a vergonha nacional.”
Após
quase trinta anos do lançamento da música, hoje nos sentimos mais
pelados que nunca. Quanto a isso, quero ater-me apenas a questão da
segurança pública, que apesar de não estar explícita na música
em questão, convive conosco como mal vizinho.
Estamos
pelados de segurança. Na nossa cidade não conseguimos mais andar
tranquilamente. Estávamos acostumados a ouvir sobre assaltos
praticados por aqui numa média de 4 ou 5 por ano, hoje são cinco ou
seis por dia (e assim como no texto “O assalto”, de Carlos
Drummond de Andrade, existem os exageros nos relatos e, acabamos
ouvindo sobre quinze ou mais por dia). O fato é, que todos os dias
alguém é despido do seu celular, da sua carteira, do seu sossego,
enfim. Estamos pelados e, a cada dia ficamos mais pelados ainda.
A
situação é a seguinte:
Estamos
pelados de segurança.
A
cidade não tem mais delegacia, ficou pelada também.
Andamos
“pelados” de medo.
Se
sairmos com algo nos bolsos, voltamos pelados.
Pra
não sermos roubados, a solução vai ser andar pelado.
A
polícia que não prende ladrão nos prenderá se estivermos pelados.
Um
momento, passou alguém correndo aqui na rua gritando, irei ver o que
é e já volto.
...
Pronto,
voltei.
Era
uma pessoa que foi roubada ali em cima e desceu correndo pelada.
Desculpa,
barulho de sirene. Vou ver o que é.
...
Ufa!
Era a polícia. Prendeu o pelado.
Está
preso.
Pelado,pelado,
nu com a mão no bolso.
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