segunda-feira, 13 de abril de 2015

Suspeitas de chicungunha são na realidade dengue


Vírus tem afinidade com o fígado, explica bióloga do Lacen

Publicado em 12/04/2015, às 09h10


Do JC Online

Veronica Almeida

Na nova dengue, manchas vermelhas aparecem no terceiro dia/ /  Boby Fabisak/ JC Imagem

Na nova dengue, manchas vermelhas aparecem no terceiro dia/

Boby Fabisak/ JC Imagem

Dos 71 casos suspeitos de chicungunha comunicados à Secretaria Estadual de Saúde nos três primeiros meses do ano, 30% já foram confirmados como dengue, segundo exames realizados no Laboratório de Saúde Pública (Lacen-PE), uma referência regional do SUS. Os demais ainda estão sendo investigados. A febre chicungunha é transmitida pelo mesmo mosquito, mas a doença causa de forma mais exacerbada dores articulares, que se prolongam por meses. Por isso, os epidemiologistas acreditam que a maioria dos casos pré-diagnosticados como  chicungunha  são na verdade dengue.
No Lacen, 1.700 amostras de sangue deram entrada no setor de diagnóstico de dengue no trimestre, o equivalente ao analisado  em todo o ano passado. “Os casos suspeitos de rubéola e sarampo descartados  também estão sendo comprovados como dengue”, conta a virologista Valdete Oliveira, confirmando o adoecimento generalizado, com manchas vermelhas no corpo, como a nova dengue.
 Há 14 anos no setor, ela já isolou o vírus em amostras de sangue de pacientes e de vísceras retiradas dos que não sobreviveram. “O da dengue parece ter afinidade  com células do fígado, o que pode explicar hepatites associadas. Mas já detectamos sua presença em fragmentos do cérebro”, conta Valdete. Isso poderia explicar complicações neurológicas constatadas em epidemias anteriores. 

No Lacen, são realizados na rotina quatro tipos de exames para confirmar o diagnóstico de dengue. Além da sorologia IgM (que verifica a infecção atual, de sete a 10 dias após o início dos sintomas) e está disponível na rede particular, o laboratório usa outras técnicas mais sensíveis que podem esclarecer o quadro já no início da infecção até o terceiro dia da doença. O laboratório dispõe do teste rápido que faz a pesquisa do antígeno NS1. “No início da doença há uma produção intensa de uma proteína pelo vírus, alvo do teste”, explica Valdete. 

O Laboratório de Saúde Pública faz ainda o  isolamento viral, utilizando células clonadas da glândula salivar do mosquito, e também identifica o microrganismo por meio de biologia molecular. Para dar melhor cobertura ao Estado, diante da atual epidemia, todas as regionais de saúde dispõem do exame de sorologia, que pesquisa anticorpos de uma infecção recente por dengue, o IgM.
Dos 184 municípios de Pernambuco e o distrito de Fernando de Noronha, menos de 15%  não registraram casos da doença este ano.  Quatro dos 12 territórios em que a saúde organiza sua rede estão em epidemia: o Grande Recife, a região de Arcoverde, Limoeiro e Goiana. São 14.346 doentes suspeitos até agora, 22 graves e dez mortes em investigação. 

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