Dr. Paulo Lima*
Eu queria começar este texto
colocando no título uma frase do belo poema-canção, de autoria de GERALDO
VANDRÉ, intitulado, “Prá não dizer que não falei das flores”, que se tornou um hino das
esquerdas nos negros anos da repressão, como diz o meu amigo MANOEL AIRES,
paraibano cabra-macho como o seu conterrâneo, GERALDO VANDRÉ.
Mas, em verdade, os momentos
que vivenciamos atualmente, com o povo nas ruas, capitaneado pelos nossos
jovens, como naqueles tempos, têm diferenças diametralmente opostas, já que,
ali se gritava contra uma ditadura que
sufocou o nosso Brasil por vinte e um longos anos e, aqui, se grita
contra uma chaga quase tão grave, que é justamente a exclusão social e política
da grande maioria da população brasileira.
Entretanto estamos vendo,
que, vez por outra o nosso “Gigante adormecido” acorda. Já não
era sem tempo, posto que a grande última manifestação das ruas passou, fazem
vinte e três anos. Refiro-me ao movimento deflagrado pela juventude em 1992 que
expulsou do Palácio do Planalto –
tal qual se expulsa de dentro de casa um sapo cururu em dias de chuvas no nosso
sertão – o
famigerado COLLOR. Já não era sem tempo, repiso.
E me alegra ver que a
esperança está de volta na cara de nossa juventude, que clama por melhores
condições de transporte, saúde e principalmente educação, tão fundamental na
formação de uma nação. Me alegra ver que os trezentos e tanto “picaretas”, que estavam
aboletados no Congresso, usufruindo das benesses do poder resolveram trabalhar
e estão ouvindo a voz das ruas.
Tenho dito, nestes últimos
dias, que, após passadas estas manifestações - as quais
espero que não terminem antes de haver a tão sonhada reforma política – o Brasil não será o mesmo.
Assim espero.
A verdade é que o povo não
aguenta mais ver tanta demagogia por parte da maioria de nossos “representantes”,
que em verdade só representam os seus interesses; e tanta corrupção, que se
enraizou de forma crônica nas esferas de nossos Poderes. Mas, como se diz no
popular: “um dia a casa cai.” Parece que este dia está chegando, já que,
ao que tudo indica, o projeto de lei que torna hediondos os crimes contra a
Administração Pública, tais como peculato e corrupção, vai ser aprovado no
Congresso, embora contra a vontade de uma grande maioria de parlamentares.
Espero, sinceramente, que
estas manifestações cheguem às nossas cidades menores, onde ainda predomina a
dominação de figuras inescrupulosas que se aboletam em prefeituras, como se
seus donos fossem, sugando os seus recursos para os seus bolsos para, deste
modo, enriquecerem às custas do dinheiro público e, claro, da miséria alheia.
Espero e acredito que este dia está chegando.
Enquanto isto, torço pelos
nossos jovens para que continuem com estas manifestações que tão bem fazem à
nossa democracia, e continuem a gritar cada vez mais alto. Grita Brasil! A
democracia agradece.
Um abraço a todos.
*PAULO
ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade
Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente
exerce o cargo de Procurador Federal.
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