Imagine o camarada nascer com as duas pernas amputadas do joelho prá baixo e numa das mãos ter dois dedos colados. Na outra ter apenas uma bola de carne pendurada. Isso há mais de cinquenta anos atrás, em plena zona rural de Sertânia. O seu futuro seria certamente pedir esmolas, ser sustentado por algum parente ou esperar uma aposentadoria do governo.
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Severino Romeu de Melo, Biu da Fazendinha, não aceitou essa que poderia parecer sua sina. De uma família de gente inteligente e estudiosa, os Patu, de Roberto Patu, Rosali Patu, Rômulo Patu (essa reserva moral e cultural de nossa terra), Álvaro e Tota Góis, Biu foi autodidata já na alfabetização.
Aprendeu a ler sozinho em folhetos de cordel. Aos poucos começou a produzir suas peças utilitárias e estéticas: marreta, figa, depois carro-de-boi, bode, casa-de-farinha. Aos poucos tomou coragem e foi comercializando no Posto Rodoviário de Cruzeiro do Nordeste. Passou a vida mantendo o seu sustento desta forma.
Biu tem uma relação com o artista mineiro Aleijadinho, que mesmo com necessidades especiais, produziu esculturas maravilhosas nas cidades históricas. Biu, artesão especial, nascido e criado no Sítio Fazendinha, próximo aos coqueiros, cria suas obras a partir do imaginário do homem sertanejo do Moxotó, o seu entorno.
Biu é uma figura, já foi boêmio, tomador de cerveja e meio farrista. Fala bem, conversa articulada, gosta de ler e de boa música. Filiado ao PCB – Partido Comunista Brasileiro, mas, quase não fala sobre política. Seu terreiro mesmo é arte, inspiração, Sertão.
Biu Aleijadinho é mais uma das joias que Sertânia tem escondidas, mas que precisam ser descobertas e exibidas para orgulho do nosso povo, por ser de uma cidade de poetas, escritores e artistas.
Por: Cauê Rodrigues
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